quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ela chegou atrasada. Bronzeada de sol, incontáveis tatuagens a mostra, dreads presos, cara de calor, pressa e poucos amigos - tudo misturado. Eu, que conversava com três amigos distraída, olhei de relance e pensei: esquisita.

Com a sala de aula cheia como de costume, sentou na primeira cadeira vaga que encontrou - e que, por sinal, era bem longe da minha. Não percebi a sua presença até a chamada. Passadas as infinidades de "A's" e os dois ou três "B's" que me antecediam, meu nome chegou e, bom, foi ela quem respondeu. Nossos olhos se cruzaram surpresos e "Ótimo; era só o que me faltava mesmo." pensei. Dei um sorriso simpático pra não ficar chato e perguntei a professora:
- Qual?!
Ela respondeu e não era eu. Acho que era a primeira terça-feira do semestre e eu nunca tinha visto aquela garota antes. E essa, foi a primeira vez das muitas que nos encontramos.

Durante os próximos dias da semana, eu percebi que a presença dela - ou melhor, o nome dela, que me confundia na chamada - me tirava da zona de conforto. Passei a procurar por ela todas noites. Com isso, passei também a sorrir cada vez que eu a encontrava. Era isso e foi isso por um bom tempo.
(...)

Encontrei nos arquivos e nem lembrava mais que existia.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Liberdade

Acredito em uma liberdade que ainda não tem nome. Uma liberdade que não tem a ver com a maior parte de tudo que é certo e politicamente correto nesse mundo. Uma liberdade que se atém a lealdade, inclusive da minha ânsia por liberdade. É como já dizia Clarice: “Um dia ela vai ser presa por ser livre.” Entendo e até confesso que me sinto presa agora. “Por que? Porque liberdade demais ofende.” Ofende, machuca. Eu sei que sim.

P.S. Manhã de frio, 3 canecas de chá e textos inacabados. Comecei uma carta que não terminei. Comecei um texto pra explicar o porque da carta. Não terminei. Tentei continuar esse post e notei que precisaria de, no mínimo, umas 20 horas. Apaguei.

Sem luz

- Vou passar a tarde em Itapuã.
- Nossa, cara. Mas Itapuã é longe pra cacete e você vai ter que pegar a BR de moto com todo esse frio. Tá frio mesmo na rua, não to de brincadeira. Tu sabe que eu sou resistente pra essas coisas. Não sou que nem a galera daqui que dá qualquer ventinho e já tá vestindo outro casaco. Olha que já não é mais tão cedo e se não esquentou até agora só tende a piorar. Você ia chegar lá só lá pelas três horas da tarde e logo ia anoitecer. Fica mais frio ainda a noite e tu nem vai conseguir aproveitar o lugar. Eu, se fosse você, deixava essa ideia de lado. Tem tanto lugar bacana aqui pertinho e eu podia até ir junto. Podia pegar o carro porque acho que tu vai é congelar com essa tua jaqueta. Já não mandei comprar uma jaqueta decente? Tá que jaqueta nenhuma seria boa o suficiente nesse frio todo, né? Eu também não tenho jaquetas quentes pra um dia frio como hoje. Imagina pegar a moto e...
- Eu nunca fui pra Itapuã.
- Ah, mas tu não perde nada. Sério. Não é tão bonito e se o dia tiver assim meio nublado e meio frio tu vai achar tudo meio sem graça. Não vai conseguir ver nem a beleza do lugar, ou, pensando bem, a pouca beleza que tem por lá. Têm uns cachorros largados pelas calçadas e da última vez que eu fui eu vi até um daqueles..
- Tá, depois você me conta. Tô indo passar essa tarde em Itapuã.
- Pra quê?
- Pra ver o sol que arde em Itapuã. Tô precisando de luz nessa vida.
"E lá estava eu respondendo tua carta num pedaço de papel improvisado e no que parecia para outros olhos, a hora errada. Já sei que pra você eu sou feita de horas erradas ou de tardes demais. Tudo bem. Pra mim, talvez seja tudo muito cedo. "

terça-feira, 28 de junho de 2011

Dois mares inteiros

"Era eletricidade. Esse foi o primeiro erro: definir. Mas que era, era.
Parecíamos duas almas cansadas. Duas daquelas que carregam um ar de quem viveu demais, sofreu demais, brigou demais e amou demais.
(...)
Sempre que nos encontrávamos, apesar de nossas caras de tédio habituais, havia uma faísca que acendia em nossos olhos, revirava nossos estômagos e nossos ânimos (no caso dela de mar revolto e, no meu, de Capitu).
Uma faísca daquelas únicas e capazes de ressuscitar nossos desejos mais carnais, reprimidos, irônicos, absurdos, irracionais e - porque não dizer - brutais, maldosos e adormecidos em nossos semblantes blasets. Veja bem, na idade em que estávamos, três semanas de dias cansativos já pesavam consideravelmente em nossos traços.
Nosso aspecto era de duas quase mártires da nova geração. Mártires do rock. É, esse título até que combinava com a gente. Por que? Porque tava tocando Foo Fighters, ou, bom, não tava tocando nada.
(...)
É isso mesmo, nem faz tanto tempo assim, mas parece que faz. Tem gente que para no tempo e insiste no que já era... e isso não faz muito meu estilo, irmão.
Enfim: a faísca. Uma faísca louca que me dominava sempre que eu via aqueles olhos revoltos (e revoltos é diferente de revoltados). Que me queimava sempre que eu ouvia ela falar. Os dois juntos então, nossa, tiro e eu no chão, caída. Ela? Ah, eu não sei o que tinha em mim que atraía ela, mas ela sempre disse que tinha, ou melhor, disse que tinha desde sempre. Deu pra entender?

A diferença daquele dia pra todos os outros dias foi bem essa, irmão. Ela disse. Eu disse. E depois que a gente disse, não dava mais pra fingir que a gente não sabia de nada. É um caminho desses sem volta. Desses que em dois toques, se não cuidar, acaba tudo no mesmo beco: escuro, úmido, podre, nojento e sem saída.
Na real, foi uma situação daquelas desnecessárias, que nem precisariam acontecer se a gente não fosse tão afim de brincar com o fogo, sabe? Mas a gente é. Acho que a gente sempre foi. Coisa da idade, Man.
(...)
Não. A gente pegou no sono e acordei com ela me beijando. Nem foi surpresa, não. Eu já tava pensando naquele beijo mesmo antes de dormir. Não conseguia respirar, nem queria, na real. O corpo formigava e o instinto já tinha tomado conta de mim, da gente. Foi forte, Man. Ah, forte porque eu beijei como se fosse a pendência mais urgente da minha vida. Louco mesmo. Ela? Ela retribuiu. Parecia na mesma vibração. Sim, uma puta vibração. Choque. Cadeira elétrica. Mortal.

Eu puxei ela pelo cabelo e quando vi já tava com ela em cima de mim. Daqueles beijos que empurram contra o travesseiro enquanto você faz força com a cabeça pra direção oposta, sem parar de beijar. Eu queria sim, não ia recuar. Sou assim mesmo. E como eu queria. Queria tudo, queria inteira.
Quente. Era o que a gente tava. O toque era quente, quase fervendo, explodindo. A mão dela começou a procurar meu corpo. Sim, não tinha muita roupa, era verão. Eu arranhei, finquei as unhas e mexi o corpo pra facilitar o lance de puxar minha blusa pra cima. Involuntário.
Eu? Fui no fluxo. Queria ela inteira. Morder a orelha, respirar alto e rápido demais, suspirar e ouvir besteiras. É, porque eu morro com a voz dela.
Depois? Bateram na porta. Bom, aí eu tomei uma xícara de café, fumei um cigarro e... o que eu tava dizendo mesmo?! O que.. eu.. tava.. Ah, eu tava dizendo que tomei uma xícara de café ruim, fumei um cigarro, dei um sorriso, virei e fui embora. Mesmo semblante de tédio e os mesmos olhos de mar ressacado. Acabou ali.

Meu alter-ego I contando histórias.
Essa boemia ainda me mata se não aceitar que eu vivo uma vida burguesa.
Se eu pudesse deixar algum presente à você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo a fora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída.

Mahatma Gandhi

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Eu sei, ela tem uma queda por mim
Pelo menos eu acho que sim
Mas eu finjo que nem ligo
Porque ela já tem um namorado legal
Descolado, tranquilo e astral
Que é até meu amigo

Sim, ela sabe, eu também tenho alguém
A quem chamo feliz de meu bem
Quem está sempre comigo

Não, eu não vou bagunçar minha paz
Nem a dela e do seu rapaz
Mas viver é um perigo
Afinal, não somos todos casados
Amamos nossos namorados
Isso não dá pra mentir

Afinal, nós não somos sacanas
somos gente bacana
Somos seres do bem..

Mas que eu queria, eu queria
Só um pouquinho eu queria
Assim, pra ver, eu queria
Mas vamos deixar pra lá
Vamos deixar pra lá

Então, quando as vezes a gente se vê
Eu disfarço meu louco querer
E ela finge que nem imagina.

Queda.

Sobre ela, aquela..

Ela era tão linda e eu, tão insegura. Olhava de todos os ângulos, tentando encontrar ao menos um que não a favorecesse. Nos comparar me arranhava a garganta, me enciumava. Veja bem, ela era uma das únicas que me despertava ciúmes e isso realmente era algo a se levar em consideração, mesmo em dias cinzentos. O sorriso dela iluminava, ela falava eloquentemente e escrevia muito bem. Ela não era nenhum tipo de louca, esquizofrênica, problemática ou irresponsável. Não era possível, aliás, que ela fosse assim tão linda mesmo de cabeça pra baixo e com a cara inchada de quem acabou de acordar em dias frios. Hoje eu vejo: que bobagem a minha. Toda a beleza dela sempre foi, e sempre será, totalmente dela. A minha, sempre minha. Diferentes, apenas. Existentes e pulsantes, entretanto.

E não há absolutamente nada de errado nisso.

Sorri por um instante. Não foi a primeira vez, lembrei. Já tive uma oportunidade de aprender a mesma lição, apenas com outros personagens. É, tudo a seu tempo, eu sei.


Se amanhã pintar o sol, decreto feriado pra nós dois
Passo aí pra te pegar e deixo a vida chata pra depois
Logo ali tem um lugar que o mundo se lembrou de esquecer
Desliguei o celular e tenho o tempo todo pra você

sábado, 25 de junho de 2011

#Flúor

















Queria escrever um texto fodasticamente lindo sobre você, mas as palavras ainda não saem e a felicidade não cabe em mim. Eu te aaaamo, Flúor! Sacomé, 7 ligações, 7 elétrons na camada de valência e toda essa eletronegatividade é pouco pra gente. A felicidade de te ter do meu lado, com essa nossa sintonia linda de sempre, não tem palavras pra explicar, ermalzinha espiritual. x)

P.S. Vontade de guardar cada momentinho numa caixa pra não esquecer de nenhum detalhe, sabe? Besteira.. Como se tivesse como esquecer, né?
Jogue suas mãos para o céu e agradeça se acaso tiver alguém que você gostaria que estivesse sempre com você, na rua, na chuva, na fazenda..

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ainda tenho muito pra aprender e, a cada dia que passa, essa se torna a minha única certeza. Não adianta alimentar certezas. Meus dias têm sido intensos e repletos de aprendizados, ampliação de consciência e descobertas. Tenho tido um milhão de motivos pra agradecer a essa força maior e maravilhosa que vem do alto e que vem de Gaia.

As vezes sinto vontade de guardar cada momento, os bons e os não tão bons também - por que não?! - em uma caixinha. Logo em seguida eu me lembro que isso é desnecessário, porque o que realmente nos toca, vira eterno dentro de nós; me lembro que é tempo de romper barreiras, quebrar paradigmas, abandonar velhos conceitos e viver intensamente o único instante que existe, no único lugar em que é possível nos fazermos presentes: o agora e o aqui. E, sabe, a verdade é que pra ser autêntica e viver o agora, bem aqui, eu não preciso de caixinhas pra carregar.

Quero minhas mãos e meu espíritos livres. Sem prisões. O passado é lindo, as experiências são lindas, são eternas e o apego é desnecessário. Apego, culpa e expectativas são três das coisas que decidi botar da porta pra fora. Sem pudor mesmo. Não me sinto culpada por ser como sou, boto meus fantasmas pra fora das gavetas mesmo e assumo, na boa.
Sintonia: Conexão profunda entre almas, espíritos, energias e corações. Conexão positiva, linda, livre, leve, natural. Fluidez. Ritmo. Um ritmo teu, meu, nosso. Deliciosamente nosso.
É tão melhor viver e conviver com as pessoas sem criar expectativas e deixar a felicidade invadir nosso ser a cada vez que alguém nos surpreende positivamente. Tem sido um aprendizado constante. É muito bom abrir a mente, a alma e deixar o amor e a unidade universal entrarem.

O presente está pulsando mais do que nunca, as possibilidades, as trocas, o carinho, a beleza estão aí, em uma abundância incrível na estratosfera. A energia pulsa cada vez mais no íntimo dos 7 bilhões de habitantes do planeta e todos estão sendo convidados a iniciar esse caminho. Nós somos do mundo, somos de diferentes mundos, somos todos um só e o mundo é nosso. Você entende?

No que se trata de mim, posso usar o clichê e dizer que o que eu desejo ainda não tem nome. Mas, se for simplificar, digo que só quero viver livremente no caminho do bem, da paz, da verdade e da lealdade (com os outros e, principalmente, comigo mesma).

"Fé em Deus e pé na tábua."
Blog é uma coisa tão pessoal, né? Vê-se quase a alma das pessoas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

At night

Estávamos lá: nós cinco e as centenas de pessoas que, pra mim, não eram ninguém. Eu já me preparava a dias e, devo dizer, com uma precisão milimetricamente calculada para convencer que aquilo era absolutamente irrelevante em todos os aspectos que me diziam respeito. Parte do show.

Os quilos de maquiagem estrategicamente distribuídos pelo rosto disfarçavam minhas olheiras, escondiam os efeitos do stress visivelmente estampados na pele crua e ressaltavam meus olhos de mar revolto e ressacado.

Minha postura fora longamente ensaiada em frente ao espelho e meu estilo casual e despojado, daqueles com um quê de “por acaso”, havia sido cuidadosamente testado horas antes. Tudo parte do show.

Olhei lenta e discretamente para cada uma delas, deixando que nossos olhos se cruzassem, um a um. Desviei o olhar e dei um sorriso malicioso de quem conhece muito bem o prazer de brincar com o fogo. Continuei bebendo Martini, observando a posição elegante dos meus dedos finos e o reflexo turvo das minhas unhas pintadas de vermelho no cristal da taça, que embaçava rapidamente com a temperatura da minha respiração. A música, pouco a pouco, dominava meus sentidos. Tudo parte do show. Fechei os olhos. Aquele, especificamente, era todo meu.
E eu não tinha bem certeza se ultimamente o tempo estava apenas rendendo mais do que o normal ou se estava se arrastando muito pra passar.
E desde quando pra uma “coisa certa” existe uma “hora errada”? Essa história é uma puta ironia, visse? Se a hora tá errada, a coisa tá errada também. Simples.

À beira do mar aberto

...enquanto falas e me enredas e me envolves e me fascinas com tua voz monocórdia e sempre baixa, de estranho acento estrangeiro, penso sempre que o mar não é esse denso escuro que me contas... e lentamente falas, e lentamente calo, e lentamente aceito, e lentamente quebro, e lentamente falho, e lentamente caio cada vez mais fundo e já não consigo voltar à tona porque a mão que me estendes ao invés de me emergir me afunda mais e mais enquanto dizes e contas e repetes essas histórias longas, essas histórias tristes, essas histórias loucas como esta que acabaria aqui, agora, assim, se outra vez não viesses e me cegasses e me afogasses nesse mar aberto que nós sabemos que não acaba assim nem agora nem aqui.

C.F.A.
"Mas anota aí pro teu futuro: Cair na real." C.F.A.
Aquela velha fórmula fez efeito. Nostalgia, insônia e cansaço. Que saudades de uma época que não volta mais. Sério.

terça-feira, 14 de junho de 2011

“Ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
Assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário. Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda.”

CFA
Perdi, mas não esculacha
Eu sei que eu errei, mas não é tudo isso que você acha
Perdi, mas não esculacha
Eu sei que eu errei, mas não é tudo aquilo que você acha

Sei que eu errei, pisei num despacho
Meu santo me arrastou e me pegou por baixo
Agora estou aqui movido pelo canto

Meu céu já foi azul, não sirvo pra sofredor
Agora é só voodoo, ninguém me vê como eu sou
Depois do "I love you", não sobrou mais nenhum cobertor

Só porque tô morando num sapato tô prejudicado
Tô sentindo que apertou a coisa pro meu lado
Tô cuspindo no meu prato que você comeu..

Perdi, mas não esculacha - Ana Carolina
Eu queria muito ter composto essa música. Perfeita demais. *.*

P.S. Será que hoje é dia de Ana Carolina?
Hoje eu tô sozinha e não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho

Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar, aí é só eu que ganho

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém

Logo agora que eu parei, parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco, de pendurar meus enfeites, de fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo, de ligar só pra você, de entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior

Hoje eu to sozinha - Ana Carolina
Essa é genial.
Hoje eu levantei com sono com vontade de brigar, eu tô maneiro pra bater pra revidar provocação
Olhei no espelho meu cabelo e tudo fora do lugar
Vê se não enche, não me encosta, tô bravo que nem leão
E não pise no meu calo que eu te entorno feito água e te jogo pelo ralo
Hoje você deu azar

De que vale seu cabelo liso e as idéias enroladas dentro da sua cabeça?

Hoje eu vou mudar o teu destino, te passar num pente fino, então desfaça sua trança
Eu que sou tão inconstante e você tão permanente
Com a gente tudo enrolado, não adianta creme rinse
Corta as pontas da sua mágoa que hoje eu tô meio implicante
Hoje você deu azar

De que vale seu cabelo liso e as idéias enroladas dentro da sua cabeça?

Ana Carolina - Implicante
Ouvindo a manhã inteira ;)
Estou mudando de hábitos. Afastando muito do que já não faz mais sentido pra mim e deixando por aqui somente o que me toca, me balança e me emociona.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Engasguei. De repente. Surtei. Fiquei confusa e me perdi dentro da minha própria confusão. Confusão? Confusão, você por aqui outra vez?
Me deu uma vontade desesperadora de sair correndo, largar tudo, todos e me mudar pra longe hoje mesmo. Me deu uma vontade de fugir de mim e desse meu jeito inconstante e incontrolável. De brigar com a minha pessoa e cortar relações comigo mesma.
Vontade de me perder totalmente e esquecer dessa certeza que a minha única certeza é que eu, se não fosse eu, não ficaria do meu lado. Me bateu um pânico e eu quis dizer: vai com calma. Para. Esquece. Não, de novo não. Não, não, não e não. Eu não to conseguindo entender o que sinto e, quando me sinto assim, só consigo querer não sentir nada, absolutamente nada.
"Estou sendo muito honesto ao te contar essas coisas, poderia facilmente escondê-las. Sei que me arrisco a te chocar, te ferir, te agredir. Mas eu nunca quis ser gostado por aquilo que não sou ou aparento ser."

É bem isso.

O gosto do desgosto

"Chovia, chovia, chovia e eu ia indo por dentro da chuva ao encontro dele, sem guarda-chuva nem nada. Parece falso dito desse jeito, mas bem assim eu ia pelo meio da chuva, uma garrafa de conhaque na mão e um maço de cigarros molhados no bolso. Eu enfiava as mãos avermelhadas no fundo dos bolsos e ia indo, eu ia indo e pulando as poças d'água com as pernas geladas. Tão geladas as pernas e os braços e a cara que pensei em abrir a garrafa para beber um gole, mas não queria chegar na casa dele meio bêbado. Não queria que ele pensasse que eu andava bebendo, e eu andava. E fui pensando também que ele ia pensar que eu andava sem dinheiro, chegando a pé naquela chuva toda, e eu andava, estômago dolorido de fome. E eu não queria que ele pensasse que eu andava insone, e eu andava, roxas olheiras. E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse. Depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era. "

C.F.A.
(...) Onde queres prazer, sou o que dói

E onde queres tortura, mansidão

Onde queres um lar, revolução

E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar, amor

Construir-nos dulcíssima prisão

Encontrar a mais justa adequação

Tudo métrica e rima e nunca dor


Mas a vida é real e é de viés

E vê só que cilada o amor me armou

Eu te quero e não queres como sou

Não te quero e não queres como és

(...) O quereres e o estares sempre a fim

Do que em ti é em mim tão desigual

Faz-me querer-te bem, querer-te mal

Bem a ti, mal ao quereres assim


Infinitivamente impessoal

E eu querendo querer-te sem ter fim

E, querendo-te, aprender o total

Do querer que há e do que não há em mim

Caetano e Gadú - O quereres
Que música incrível, sério.
O telefone tocou. Não era nada. Não era ninguém. Não era você.
Chegou agora um ex-amor. Ele entra com sua esposa. Ele me abraça enquanto ela segue em frente sem olhar pra trás. Faz aí uns 3 ou 4 anos que não damos um abraço. Passou, faz tempo, não sinto nada. Nada. Talvez só sinta mais claro o que eu já sentia antes. Antes de sair de casa. Antes de ficar indo do fumódromo pro sofá e vice-versa. Eu só sinto agora, com esse abraço que não me fez sentir nada, com mais clareza, o que eu já sentia antes e muito antes de antes. Eu sinto que está demorando. Eu olho de novo no celular.
(...)
Ele não é a resposta. Você deveria saber. Eles nunca são a resposta. Nunca foram. Que é que você quer? Por que você olha tanto pro celular? Existe alguém no mundo, nesse momento, que poderia te ligar agora e te deixar feliz? Não. Ninguém, é a resposta. Nem o sofá, nem a festa, nem ficar em casa, nem água com gás, nem olhar com nojo para o grupo de piriguetes vips que não prestam pra nada a não ser frequentar festas para sair em revistas e angariar empresários. Finalmente já tenho o que esperar: o carro. Finalmente já tenho o que fazer: ir embora. Na verdade a única coisa que estou sempre esperando e querendo é ir embora. De todos os lugares, de todas as pessoas. Eu não estou esperando nada a não ser o tempo todo sair de onde eu estou.

Tati Bernardi

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Beleza - Mariana Aydar

Aqui, eu sei, um brilho me mantém e não para.
Na dor, a cor não falta, não, e não gasta
Calor me vem subindo e me mantêm acesa
Vazou pra ti, se chegou aí.. beleza.

É nosso sol, é nosso ardor
é nosso tanto de calor
que vem, que vai
que inunda o céu de cor
é sensual, fenomenal
um ritual de exaltação ao deus que for das práticas do amor

#handsclean

What part of our history is reinvented and under rug swept?
What part of your memory is selective and tends to forget?
Why with this distance it seems so obvious?
We'll fast forward to a few years later and no one knows except the both of us.
I have honored your request for silence and you've washed your hands clean of this.

Amo essa.

#fimdesemestre

Ah, cara! Que chegue logo a hora de entregar o projeto experimental impresso e LINDO! Pelo amor de Deus. To ficando louca de tanta ansiedade.

quarta-feira, 8 de junho de 2011




"..e mesmo com tudo diferente veio vindo de repente uma vontade de ser ver. E os dois se encontravam todo o dia e a vontade crescia como tinha de ser. Eduardo e Monica fizeram natação, fotografia, teatro, artesanato e foram viajar."


Minha vida anda mais ou menos nessa parte da música. (E eu me acho tão Monica, apesar de não ser de leão.) ;)


P.S. Depois de "Oração" da ABMBDC, um viral a altura.

P.P.S. Ok, essa onipresença do dia dos namorados já pode parar agora, tá?
Vimos um filme meio fora do comum. Daqueles meio B Side, onde o mocinho e a mocinha são meio feios e meio desajustados e os ângulos são meio esquisitos. Eles meio que cantavam bem e meio que cantavam o filme inteiro. O filme era meio que monótono e eu meio que esperava algo melhor. Sabe como é, meio que recebi várias indicações. Ah, sim, eu meio que adoro essa expressão. E, apesar dessa crítica meio que negativa, eu indico o tal filme. Indico mesmo, sem "meio ques".


P.S. O filme se chama "Once", ou, em português "Apenas uma vez", foi lançado em 2006 e se passa no subúrbio de Dublin. Delícia.

Daqui até lá..

Prólogo

Eu parei na esquina e fiquei ali pensando em tudo que tinha lido nas últimas duas horas, até acabar. Tracei perfis psicológicos, analisei meu comportamento, minha personalidade, minha forma de trabalhar, soltei alguns sorrisos involuntários graças as minhas conclusões e aquilo parecia não acabar nunca. Era meio ruim, meio amargo, meio forte demais. Mas eu fiquei e terminei. Olhei pra todos os outros e pensei: que ideia infeliz. Mas vou acabar com todos, um por um. É como provar pra mim, mais uma vez, que mesmo que seja meio ruim, meio amargo, meio infeliz, meio seja-lá-o-que-for, eu consigo ir até o final. Esgotar tudo. Consigo sim, e vou, pode apostar.

Ato I

Eles viviam dizendo que era pra sempre e acreditavam nisso. Dava pra ver que acreditavam. Eles acreditavam tanto que me fizeram acreditar também. Qual era o ponto de estarem juntos se não acreditassem, afinal? Já tinham passado da idade de namoros casuais, ou, achavam que sim. Sempre achei ela bonita demais pra ele e sempre achei ele gente boa demais pra ela. Mas eles, juntos, davam um belo casal.
Eu os imaginava comprando um apê razoavelmente perto do centro (e perto demais da casa da mãe dela), um gato (porque ela detesta cachorros) e discutindo sobre ser muito cedo, ou não, pra ter um filho. Tenho certeza que ela falaria sobre a probabilidade que geneticamente ela tem de engravidar de gêmeos e de como isso seria ainda mais complicado pra vida "subúrbio classe C" que eles levariam a partir de então.
Bom, agora ele está com uma garota ainda mais bonita e me procura de vez em quando pra contar como vai a vida. Pelo que ele conta, essa nova garota tem um belo senso de humor.
Ela parou do meu lado no ponto de ônibus ontem e nem me cumprimentou. Tô acostumada. Ela nunca o faz. Agora ela tá com outro cara, com direito a uma aliança grandona naqueles dedos miúdos. Mesma história: de novo eu definitivamente acho ela bonita demais pra ele. Mas, gosto é gosto e não se discute, né?

Ato II

Ele já estava parado ali quando eu cheguei. Bermuda fuleira, tênis gringo e uma tatuagem de cadeia com algum nome de mulher ilegível no braço direito. Não fiquei reparando, juro. Do nada ele sumiu, em seguida voltou. Ficou reparando no moleque que corria do outro lado da rua com uma sacola nas mãos e atravessou a rua correndo em direção a padaria. Tinha trânsito e ele atrapalhou. Todo mundo olhou. Ficou tudo meio tenso. A padaria já foi assaltada antes. Ele ia perder o ônibus depois de esperar tanto tempo? Deu uns 2 minutos e ele voltou. Abriu um Trident e começou a mastigar. Eu ri. É que eu tive a mesma ideia no dia anterior.

Ato III

Eu amo comer Trident no frio. É muito melhor do que no calor. Quando tá quente, fica tudo mole e melequento, nem parece que o Trident é novo. No frio, parece que a goma vai se desmanchar na boca. Ela vai "quebrando" em vários pedaços a medida que você começa a mastigar e, só então, passa a se unir de novo e virar um Trident mole e melequento, igualzinho aquele do verão.

Ato IV

É tanta gente apertada no mesmo lugar. Espirros pra cá, tosse pra lá, cada um se segurando como pode. Mal característico de hora do rush no inverno. Se se distrair muito, capaz de tropeçar no desconhecido do seu lado. Acho que preciso tomar vergonha na cara e botar meu MP4 pra carregar. Faz uma falta danada. Distrai meus pensamentos e silencia um pouquinho essa voz tagarela que narra cada acontecimento e cada pensamento que surge dentro de mim. Se não silencia, pelo menos faz ela cantar. Enfim. Fiquei me perguntando qual era a história daquelas pessoas. Será que dava pra escrever cada uma delas em mais ou menos uma página? (Só pra tornar a obra viável..)

Ato V

Desde quando Blumenau tem vento? Hey, eu moro em um buraco. Des-de-qua-ndo-Blumenau-tem-vento? Meu sobretudo vermelho de lã escovada, aquele pesadíssimo, dançava e laçava as minhas pernas. Minha sombrinha de camelô, fajuta mas xadrez com estilo simpático, ameaçava constantemente de virar do avesso. Até parei um pouco no meio do caminho só pra ter certeza que aquele assobio não tava rolando graças a minha velocidade de quase corrida. O frio faz dessas. Mas não. O assobio continuou por mais uns 3 segundos e depois silenciou por alguns instantes mesmo comigo ali, pateticamente parada no meio da rua vazia, fria, chuvosa e escura. Dei um sorriso involuntário, balancei a cabeça e continuei andando. Precisava de um banho, não era o que eu podia chamar de um bom dia. O assobio continuou e eu lembrei do Minuano, tradicional dos lados de lá. Me bateu uma saudade de tudo e de todos, mas eu continuei andando até chegar.

#dance

Dançava a bailarina torta, dançava até o sol se pôr.
Dançava a bailarina torta, dançava a procura de um amor.
No beco dos velhos bares onde um dia ela já dançou antes de entortar as pernas, antes de perder um grande amor.
E a bailarina torta corria atras de roupas novas e um copo de champagne.

Nunca mais champagne, nunca mais platéia no Municipal
Nunca mais champagne, nunca mais baile de carnaval
E a velha bailarina torta que bailava a procura de um amor
Entrou, fechou a porta, deitou e então silenciou.

Bailarina Torta - ABMBDC

O arranjo dessa música é uma coisa fora do sério.

terça-feira, 7 de junho de 2011

"Está escurecendo e daqui seis horas é ano novo. Preciso começar do zero. Combinei comigo que vou escrever sobre outras coisas e não mais sobre essa única coisa sobre a qual escrevo. Veja você que estava eu com um cara até ele ler meus textos. Veja você que depois eu estava com outro cara até ele também ler meus textos. Te conto isso e você me diz "nós somos inseguros demais e queremos uma garota normal, entende?".

É, entendo, Tati. E SE entendo.
"Interessante a nossa necessidade (às vezes) inconsciente de não estar só. Precisamos sempre de uma companhia, nem que seja de uma página da web onde possamos despejar os sentimentos que envolvem (e às vezes)² sufocam a nossa alma.
Por mais que desejamos nos isolar do mundo, de alguma forma a gente precisa exteriorizar o que acontece por dentro e as formas de fazer isso são incontáveis (felizmente). As vezes um texto, um gesto, um grito, um abraço, um sorriso, uma frase, um bocejo, uma música, um assovio, uma lágrima... “N” formas de passar o que se sente, seja pro mundo, seja pra gente."

BVP

P.S. Ela também é foda.
"Que bonito isso, você deveria ser escritora. Que cínico você, deveria ser ator. Eu ficaria mais. Eu não gosto nunca de nada e gostei tanto de você. É? Droga. O quê? Eu falando de gostar. E daí? E daí que vai acontecer tudo de novo. O quê? Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, você vai embora. Agora eu vou embora. E depois? Depois não sei. Tá. Eu ficaria, sério, eu ficaria muito, muito, muito. Eu sei."

Tati Bernardi

P.S. Ela é foda.

Oi?

O dia amanheceu chuvoso em basicamente todas as cidades do estado. Aqui dentro ele foi ficando...

Aquela sensação de que hoje o dia simplesmente não precisava amanhecer.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Hoje eu saí pra dar uma volta no meu horário de almoço. Na verdade, tenho saído todos os dias. Um pouco pra aproveitar esses dias frios com sol que são, né? Perfeitos! E um pouco pra fugir da frente do computador. Bom, tava no estacionamento da Alma e uma borboleta pousou no meu pé e lá ficou. Tão linda. Dizem que isso quer dizer coisas boas, né? Fiquei encantada com ela.

P.S. Eu gosto de pensar que a saudade de outros tempos pode ser interpretada como uma vida com coisas especiais pra se lembrar. ;)

P.P.S. Tentei, mas não tá dando pra escrever, hein?!
"Ando esquisito. Não exatamente mal, mas preguiçoso, dispersivo, desatento." C.F.A.

Não sei até que ponto essa frase serve pra mim, mas ela serve de certa forma. Vai, até ando produzindo razoavelmente (e não que eu produza andando), mas longe do que poderia se não andasse tão dispersa e desatenta.

Preguiçosa acho até que não. A palavra é cansada mesmo. Tenho me esforçado ao máximo, mas o máximo não parece suficiente. Enfim. Reta final do semestre e eu espero sinceramente que, no final, fique tudo certo e sem notinhas vermelhas no meu lindo boletim virtual.

Tá, era isso. ;)
Nossa, e me deu um vazio tão enorme e massacrante agora que meeeeu Deus, pelamor, tira isso de mim! De onde veio isso? Por que? Coisa louca, me deu até enjoo.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

E quando você decide aparecer assim, sendo nada além do que você realmente é, eu relembro o quanto sempre te achei maravilhosa. Eu acredito plenamente que alguém nasceu especialmente pra te fazer feliz. A mais feliz do mundo. Certeza, sério. E sei da sorte que essa pessoa tem.