quarta-feira, 31 de agosto de 2011

#Vim

Eu me bati por horas. Briguei com o armário, com o pente, com o espelho, com meus calçados. Briguei com as chaves, com a porta e com o portão. Briguei com meus passos, com a rua, com os postes e com cada carro que passava apressado sabe-se lá Deus pra onde. Briguei até comigo, diabos. Mas eu vim. Vim porque minha presença sente falta da tua. Vim porque é um presente te ter ao alcance dos olhos. Vim porque não saberia ficar em qualquer outro lugar.
Nesses últimos dois meses, as pessoas volta e meia perguntam como eu consigo. Respondo muda, apenas dando um sorriso tímido e jogando o cabelo pro lado, como quem não tem muito a falar sobre o assunto. Também pudera, trocar o macarrão por repolho e o pão por fatias de queijo definitivamente não foi a escolha mais difícil de sustentar na minha vida.
Sou um ser humano inquieto. Comodismo me incomoda profundamente. Nem é racional, mas minhas escolhas sempre me levam a mesma máxima: evolução sempre.
"Deixa pra lá.. é que ver dói. Encontrar dói. Fotos doem."

Caio Fernando Abreu

É, como sempre, ele fala sobre cada sentimento, cada pessoa, cada bola de neve, com uma maestria que, acho eu, nunca vou alcançar.

"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo."

"E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se transforma em Sem? Sem que se consiga controlar".

"As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas inperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções que nem se mostram."

"Que coisas são essas que me dizes sem dizer, escondidas atrás do que realmente quer dizer? Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias."

"Nada modificará o estar das coisas no mundo, e a minha partida ontem, hoje ou amanhã, não mudará coisa alguma."

"Meus dias são sempre como uma véspera de partida."

"- Toque nela com cuidado - disse Santiago. - Senão ela foge.
- A coisa ou a pessoa?
- As duas."

"Mas gosto, gosto das pessoas. Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas."

"As coisas e as pessoas que fazem parte da minha vida vão aos poucos entrando em mim, depois de algum tempo já não sei dizer o que é meu e o que é delas. Mesmo assim, bem no fundo, há coisas que são só minhas. E embora me assustem às vezes, é delas que mais gosto. Como essa vontade de acabar com tudo, que me dá de vez em quando."

"É certo que as pessoas estão sempre crescendo e se modificando, mas estando próximas uma vai adequando o seu crescimento e a sua modificação ao crescimento e à modificação da outra; mas estando distantes, uma cresce se modifica num sentido e outra noutro completamente diferente, distraídas que ficam da necessidade de continuarem as mesmas uma para a outra."

"Meu Deus, como você me doía de vez em quando. Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça. Então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada, só olhando e pensando: Meu Deus mas como você me dói de vez em quando."

"- Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não em você, se sempre foram de ternura nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por quê?"

"Não era amor. Aquilo era solidão e loucura, podridão e morte. Não era um caso de amor. Amor não tem nada a ver com isso. Ela era uma parasita. Ela o matou porque era uma parasita. Porque não conseguia viver sozinha. Ela o sugou como um vampiro, até a última gota, para que pudesse exibir ao mundo aquelas flores roxas e amarelas. Aquelas flores imundas. Aquelas flores nojentas. Amor não mata. Não destrói, não é assim. Aquilo era outra coisa. Aquilo é ódio."

"Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo; repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada."

"Sim, tenho vontade de me jogar pela janela, mas nunca foi possível abri-la. Não, não sei o que gostaria que você me dissesse. Dorme, quem sabe, ou está tudo bem, ou mesmo esquece, esquece."

"Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo."

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Assinado: Eu.

Já faz um tempo que eu queria te escrever um som
Passado o passado, acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação
Parece inaceitável a minha decisão, eu sei.

Da primeira vez quem sugeriu eu sei, eu sei, fui eu
Da segunda quem fingiu que não estava ali também fui eu.

Mas em toda a história é nossa obrigação saber seguir em frente seja lá qual direção.
Eu sei.

Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom
Mas se é contrário, é ruim, pesado e eu não acho bom.

Eu fico esperando o dia que você me aceite como amiga
Ainda vou te convencer, eu sei.

E te peço: me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada pois fiquei atordoada
Faltou o ar, faltou o ar.

Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.


"Existem pessoas como a cana, que mesmo postas na moenda, reduzidas ao bagaço, só sabem dar doçura." CFA

E dói pra caramba machucar uma dessas, viu? Mesmo que seja só por falar a verdade.
Fechei os olhos e imaginei um sol bem lindo. Não vou nublar, mesmo nesse dia cinzento. Não vou, não mesmo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sabe quando você lê um milhão de coisas que poderia ter escrito? Pois é. Deixa que eu cuido de você, pedacinho de mundo.
Eu? Eu to fugindo dessa minha vontade de fugir de tudo: de botar Joan Jett pra tocar, botar um sorriso irônico no rosto e jogar tudo e todos pro alto, de novo. Me deixa quieta, me deixa.
"Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto. Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto. É que Narciso acha feio o que não é espelho. E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho, nada do que não era antes, quando não somos mutantes. E foste um difícil começo, afasto o que não conheço. E quem vem de um outro sonho de felicidade aprende a chamar-te depressa de realidade."
E descobrir que até as coisas que você jurava que não mudariam nunca, mudam com uma rapidez admirável. Fica até difícil acompanhar. Simples: mude também.
É pra simplificar? Tá: Relacionamentos são complicados demais. Ficar comigo mesma é mais fácil, bem mais fácil. Que bom, né? Eu definitivamente sou a pessoa certa pra ficar do meu lado pelo resto da vida.
As vezes é difícil crescer. É difícil se sentir meio sozinha, meio traída, meio egoísta, meio inferior. É difícil não poder mais dizer "ai, mãe, eu não acordei bem" e simplesmente não ir à escola. É difícil continuar vivendo e sustentando grandes responsabilidades quando a vontade é só voltar a ser pequenininha. É difícil ficar em dúvida, ficar insegura. É difícil não saber o que fazer. Já diria Caio que o bom é que passa, que tudo passa. Até a dor que samba no peito de salto agulha ainda vai virar motivo de risadas. Até ela passa. Deixa passar. Deixo, Caio. Deixo mesmo. Me deixa ir embora de vez?
É, coração. Eu te avisei pra não ir longe demais, não avisei?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mas eu não podia, ou podia mas não devia, ou podia mas não queria, ou não sabia mais como se parava ou voltava atrás. Eu tinha que continuar!

Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê.

Caio Fernando Abreu
Era um mundo gélido
Onde a ternura é frígida
E o desamar é um deleite.
Onde ama-se a si,
Em um quisto quase que deveras egoísta.

Lá onde não se versa o que em si verte
Tem-me como o louco
E eu nem me atento.

Meu acalento é em teu ser simplista
Que nesse mundo gélido
De sentimentos descartáveis
Personagens itinerantes
Contextos ralos e textos ocos
Materializou-se e se fez permanente.

E o meu total fazia-se cálido
Mergulhado em um mundo gélido
Gélido, até encontrar você.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

#poesia

Terás o cuidado de aquecer o coração de quem amas, mesmo em dias frios e nebulosos (...) e, quão logo te dares conta, estarás tomado por algo que chamarás de paz.

P.S. Focos, poesias, uma demonstração sincera de carinho e conexão com a simplicidade do universo de amor maior. Respiração mais leve e profunda. Coração aliviado.

#re-começo

Pouco a pouco, me pego sentindo aquele orgulho familiar. Aquele que eu costumava sentir enquanto, desse cantinho já tão cativo, via os dias do último ano passarem. E é tão bom.
Já dizia o poeta que somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Sei que aqui fica um pedaço de mim e daqui eu levo um pedaço. Um pedaço da minha vida, cheio de boas lembranças a se guardar: cuidadosamente organizadas e orgulhosamente expostas numa das prateleiras mais especiais do meu eu nessa vida.

Apaga essa luz, por favor.

É esmagador o modo como essas coisas acontecem. Você acorda após um ontem inteiro de coração inquieto com aquela esperança de que, após uma noite escura, o raiar do dia traga um sentimento de folha nova.
Mas, as vezes, a luz simplesmente não dá trégua e permanece ali madrugada a dentro: tornando estupidamente claro tudo aquilo que você implorou para que a escuridão escondesse. E, quando isso acontece, o novo dia nunca chega, mesmo após um contável número de horas razoavelmente bem dormidas.
E é esmagador o jeito que você se sente quando essas coisas acontecem. Ver as esperanças indo por água abaixo é sempre esmagador, mesmo que você saiba que isso, mais cedo ou mais tarde, acontece com qualquer pessoa.
Você acorda tão funda, profunda, profana. E acorda tão clara, e tão largada, e tão confusa, e tão cheia de tudo que até mesmo uma voz qualquer a chamar teu nome se torna um corpo estranho, agressor, avesso ao fluxo.
Fica difícil viver. E aí você lê textos de pessoas que passam horas claras durante as madrugadas escuras e, pelo menos, conseguem se expressar. E fica difícil viver. E sente um nó cego, atado na garganta. E isso esmaga. Esmaga porque, por mais difícil que seja, você não para de viver por nem um segundo. E esmaga porque, por mais difícil que seja, ninguém para de viver por nem um segundo. E tudo muda. E você queima. E esmaga.
E você ouve músicas que esmagam, porque em dias como esse, tudo te esmaga. Trabalhar esmaga, conversar esmaga, pensar esmaga, ser esmaga, existir esmaga, sentir esmaga. E fica difícil viver.
Aprendi a conviver com essa estaca inflamada e enfiada em mim. Com esse coração metade vazio, metade explodindo e sempre metade, nunca inteiro, nunca demais. Aprendi a conviver com as minhas reticências e vírgulas, períodos longos e sem pontos finais. Longos, inflamados, enfiados, mas nunca demais. Nunca é demais, mesmo que eu não aguente mais. E dói, sempre dói.

E como viver em dias assim? Se pelo menos minhas palavras ajudassem.. Vontade de pedir socorro.

Apostas, a postos

As vezes é preciso chegar ao extremo para que as pessoas se deem conta de certas coisas. Que bom que as fichas caem mais cedo ou mais tarde - apesar de todos os pesares. É ótimo saber que tudo está melhor e que esforços serão feitos pra que assim continue.

#fórmula

Te quero por perto = Você some
As vezes eu escrevo, escrevo, escrevo e parece que nada presta. Desisto, salvo e deixo pra depois. No dia seguinte, quando pego pra ler, vejo que o que "não prestava", tá pronto, sem tirar nem pôr. Coisa esquisita. Efeitos do tempo, novas perspectivas, novos olhares..

terça-feira, 23 de agosto de 2011

As vezes eu uso o meu tempo livre pra me detestar. Coisa imprestável, né? Tanta coisa melhor pra fazer.
Toda vez que percebo que ainda tenho expectativas em relação a você, acabo me detestando três vezes. E por que, né? Chega. Vai embora da minha mente e faz o favor de não voltar de novo pra minha vida.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

E aos poucos - e sempre aos poucos, nunca de repente - tu voltas a ser um nada, mais uma vez. Dai-me santa paciência. Pra falar a verdade, nunca deverias ter deixado de o ser.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ok, now.. GET THE HELL OUT of my mind. Damn.
A motherfucker day pra nunca esquecer. Osso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Like an addiction and I just can´t get enought.
E agora, José?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Diz..

Chega e não pergunta como eu estou. Não pergunta o motivo, não me pede explicações, não queira saber. Não queira saber como estão as coisas, como elas estavam até ontem e como elas vão ficar amanhã. Não pergunta porque as vezes eu choro quando a noite chega. Só chega e não pergunta nada. Finge que não importa, que não te importa. Só me abraça, me pega no colo e diz que você acha graça pelo modo como as vezes eu ainda me pareço com uma criança boba, duvidando que tudo vai ficar bem. Ou não diz. Mas chega e fica do meu lado sem se importar com mais nada. Diz que não interessa como foi o meu dia ou, tampouco, por onde andei até chegar aqui. Diz que não liga pra quem eu sou, pro que eu faço. Diz que eu posso perder as explicações, a pose, o jeito, a memória, a compostura, a esperança e que não tem problema desde que eu não me perca. Diz que vai ficar tudo bem. Que vai ficar tudo bem e que eu já posso pegar no sono.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

You're so hypnotizing

Could you be the devil,could you be an angel

Your touch magnetizing

Feels like I'm floating, leaves my body glowing

They say be afraid

You're not like the others, futuristic lover

Different DNA

They don't understand you
You're from a whole 'nother world, a different dimension

You open my eyes and I'm ready to go, lead me into the light

Kiss me
Ki-Ki-Kiss me

Infect me with your loving and fill me with your poison

Take me
Ta-Ta-Take me

Wanna be your victim, ready for abduction

Girl, you're an alien, your touch so foreign

It's supernatural, extra-terrestrial

You're so supersonic

Wanna feel your powers, stun me with your lasers

Your kiss is cosmic, every move is magic
You're from a whole other world, a different dimension

You open my eyes and I'm ready to go, lead me into the light

This is transcendental on another level

Girl, you're my lucky star

I wanna walk on your wavelength and be there when you vibrate

For you, I'll risk it all, all.
Acabei de perceber que eu to tentando entender o que se passa aqui dentro de mim. Simples assim.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mais engraçado que encontrar músicas que combinam com o que estamos sentindo é encontrar as que traduzem exatamente o que alguém tem sentido em relação a nós.
"Saía a desbravar o mundo. Andava, andava sem rumo. Detestava as sinalizações da rua. Gostava da sua liberdade sempre nua. Desenhava seus próprios momentos e preferia apagar as paixões.  Desapegada e sozinha ganhava aquela cidadezinha. Rodava pelos postes sujos com saudades no peito. E na verdade não se sentia solitária. Ser dona do seu próprio nariz era como uma dádiva. Respeitava, conversava e guardava a si mesma. Como uma poetisa sem preocupações aparentes."

...E mesmo quando tentava ser diferente, não conseguia. Confusão.
The littlest things that take me there, I know it sounds lame but it's so true
I know it's not right, but it seems unfair: the things are reminding me of you
Sometimes I wish we could just pretend, even if only for one weekend
So come on, tell me: Is this the end?

...When I was feeling down, you made that face you do
There's no one in the world that could replace you

Dreams, dreams of when we had just started things
Dreams of me and you
It seems, it seems that I can't shake those memories
I wonder if you feel the same way too...

Littlest Things - Lily Allen
24 horas é pouco. Uma vida então.. menos ainda.
Ele disse um dia: Nunca se apaixone por ela. Hoje ela quer mais do que tudo, mas amanhã é outro dia. Vem cá... Pra quê me conhecer assim tão bem?

Preciso mudar o foco, viu. Tá errado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Uma vez você me escreveu uma carta dizendo que via a nossa história como um enredo de filme: um filme com muitas reviravoltas e um final feliz. E você me entregou essa carta num dia que, por si só, parecia um filme. Assim, tipo hoje.

Eu carrego essa carta comigo. Sempre esqueço de tirar ela da bolsa, mesmo quando me lembro de que não é na bolsa que carrego cartas. É que quando lembro, lembro também de esquecer antes de ter tempo de tirar ela dali. E ela fica. Ela sempre fica.

Queria ter respondido e nunca respondi. Queria ter dito que eu vejo a mesma coisa. Teria dito que talvez não dê pra entender, e eu entendo se não der porque no final nem eu entendo bem, mas que eu sinto que até o nosso final feliz chegar, a gente tem caminhos distintos pra trilhar. Que eu não controlo o que eu sinto e que sinto que as nossas buscas nos guiarão pra direções opostas, que nosso coração vai disparar por razões diferentes e que nenhuma das duas vai precisar abrir mão disso, nem mesmo uma pela outra.

Sinto que a gente vai precisar se perder completamente pra depois se encontrar, no que eu vou chamar tortamente de "dia certo". Que a gente vai precisar se definir e entrar em contato com a unidade do universo para, então, nos encontrarmos (e que isso, de início, vai doer). Que vamos precisar perder contato, perder o endereço, perder o apego, perder a mania de dormir esperando que o dia seguinte seja esse tal "dia certo" e perder até as expectativas de que esse tal dia seja real.

E, em um dia que não vai parecer em nada com o que um "dia certo" se parece, vamos acabar nos encontrando por-acaso-sabe-lá-Deus-onde.

-

Você vai estar à caminho de algum compromisso importante, no meio de um telefonema. Ela vai estar com um copo de café nas mãos. E você vai pensar: "Olha só, é tão cedo e eu aposto que ela ainda não comeu absolutamente nada. Ela e essa mania de achar que só porque não sente fome logo que acorda - e ela acabou de acordar, porque ela nunca aprende e sempre enrola até o último segundo na cama e fica com os olhos ainda menores logo que levanta, bem desse jeito - pode só tomar um café assim, totalmente preto, mesmo sabendo que vai passar o dia inteiro com a gastrite atacada."

E então você vai rir por dentro logo que perceber como foi rápido lembrar o que você julgava já ter esquecido. E vai lembrar que essa era uma das coisas que fazia você ser absolutamente louca por ela, como nunca mais foi por outra mulher desde então. - E existirão outras mulheres ótimas, outros momentos ótimos e sentimentos ótimos. Mas elas serão as outras: as outras com as quais você vai viver outros momentos e sentir outros sentimentos. E você vai se dar conta que só ela, até hoje, tinha sido "aquela", com quem você viveu "aquele" momento e que desperta "aquele" sentimento. - Vai ser alguma coisa nela. Alguma coisa que é toda dela. Talvez o jeito de mexer nos cabelos, o jeito de sorrir ou o jeito distraído de andar na rua, quase alheia a presença de todos.

E você vai tentar a chance mesmo que, durante anos, tenha alimentado a certeza de que caso esse momento chegasse, não faria diferença alguma. E vai convidá-la para um café depois desse compromisso importante. E vai perceber que, por você, seria logo um jantar - mas vai se negar a chamá-la pra jantar porque isso seria "rápido demais".

Ela vai aceitar. Atônita por perceber que aquele "dia certo" que ela deixou de acreditar que chegaria em algum lugar do caminho, e que acreditava enquanto escrevia sobre ele, havia finalmente... chegado.
Não é por ciúmes que certas coisas doem. É que têm certas coisas de mim que eu guardei só pra você.

Espelho

A verdade é que eu morro de medo de ir longe demais. Longe a ponto de não encontrar nenhum caminho que me leve de volta pra você.

A verdade é que eu morro de medo de que você vá longe demais. Longe a ponto de não encontrar nenhum caminho que te traga de volta pra mim.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pra falar a verdade, eu continuo meio perdida. Meio engasgada, meio tonta, meio cega. Meio drogada, meio confusa. Meio não-era-nenhuma-dessas-palavras-que-eu-queria-usar. Enfim. Tenho me cuidado mais. Me afastado de (alguns) vícios, me alimentado melhor (ou seria apenas "me alimentado?"), emagrecido, tatuado, malhado, estudado. Comprei um violão e aprendi a usar batom (o que deixa minha mãe mais feliz). Tenho deixado as unhas compridas e pintadas. Tenho cuidado mais das roupas, da pele, do cabelo. Tenho lido mais, dormido menos, viajado mais. Tenho tentado organizar a mente, escrever, pesar, pensar, equilibrar. Tenho virado uma artista de circo: uma contorcionista, uma equilibrista. Tenho aprendido a não julgar e a não deixar que certas coisas apaguem meu sorriso. Tenho sorrido mesmo querendo chorar. Tenho aprendido a lidar com a falta, com as lembranças, com as mudanças. Aprendido a rimar, sem querer. Tenho conversado mais com o travesseiro e observado mais as pessoas. Tenho aprendido a aceitar que pessoas mudam, sem me chatear com isso. Tenho aprendido a aceitar com mais paciência quem se chateia quando quem muda sou eu. Tenho aprendido a lidar com certas coisas, a abrir mão de outras, a sustentar decisões, a confiar em uma força que grita dentro de mim (por mais que ninguém escute). Tenho aprendido a agradecer por tudo, ou simplesmente por existir. Tenho vivido o exercício de experimentar a totalidade de cada dia, um dia de cada vez: mesmo que não enxergue um propósito muito claro (ou, as vezes, totalmente escuro e embaçado) pra estar fazendo tudo que tenho feito. Pra que, pra quem? Cara, pra mim mesma, obrigada.
"Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo."
Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida
Então a gente vai fugir pro mar, eu vou pedir pra namorar
Você vai me dizer que vai pensar, mas no fim, vai deixar

Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida
Sem ter mais mentiras pra viver, sem amor antigo pra esquecer
Sem os teus amigos pra esconder
Pode crer, que tudo vai dar certo

Sou pescador, sonhador
Vou dizer pra Deus nosso senhor
Que tu és o amor da minha vida
Pois não dá pra viver nessa vida morrendo de amor

Talvez não seja nessa vida ainda, mas você ainda vai ser a minha vida
E uma abelhinha vai fazer o mel, estrela Dalva vai cruzar no céu
E o vento certo vai soprar do mar
Pode crer, que tudo vai dar certo

Você acredita em uma outra vida, só nós dois?
Pode crer, que tudo vai dar certo.

;~

...

Mesmo após milhões de reticências... é você que eu amo.

P.S. Tomar um chá e ver a chuva escorrer sem pressa pela janela. Acho um pouco bom.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sonhe antes mesmo de adormecer.

Acredito que..

As oportunidades se apresentam para quem se abre pra vida.
Meio as cegas, meio as tontas, eu fui.

Sugestões para atravessar agosto

Para atravessar agosto é preciso, antes de tudo, paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro – e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah! Escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.

Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos. São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros augúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de Nietzche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. Claro que falo em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou, justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções-úteis a todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles chapéus de desfile a fantasia categoria originalidade... Esquecê-lo tão completamente quanto possível: FHC agrava agosto, e isso é tão grave que vou mudar de assunto já.

Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu – sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques – tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas – coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos.

Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.

P.S. Nem é a vibe atual, mas eu sempre quis postar esse texto em agosto.