sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Não queria que você me entendesse mal, porque isso tudo pode soar muito ofensivo. É que você sempre foi do tipo de cara que acredita em futuro e em tudo o "que vem depois de". E eu sempre achei isso muito bonitinho, mas continuo sendo uma daquelas.. como era mesmo? Ah, isso. Inconsequentes. Uma daquelas inconsequentes.

Daquelas que não acreditam em depois, só em agora. Porque tempo e pessoas são duas coisas que não se tem. Então não se tem nada, ou quase nada. Se tem o agora e agora eu tenho vontade de te encontrar. Te encontrar pra fazer do teu abraço um abrigo e ouvir a tua voz sussurrando que me ama.

Apesar de, você ainda me ama e esconde esse sentimento junto do nó na garganta que se forma toda vez que pensa no tal de futuro. Futuro feito de infinitos agoras vividos inevitavelmente sem mim. Só mais tantos agoras exatamente iguais a esse agora de agora, aliás.

E eu queria te ouvir dizer que ali tudo é perfeito, que ali nós somos perfeitos um pro outro por mais que eu nunca tenha sido e continue não sendo absolutamente nada do que você sempre sonhou. E ali seria, eu seria, nós seríamos.

Te ouvir dizer que mais do que o ar que invade os teus pulmões, sou eu quem te faço viver. E no fundo você sabe que, apesar de, ali, seria.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014



Leason for a lifetime: Live your dreams and, most of all, face your fears. I promisse you that even after the darkests nights, the sun will be there, shining only for you again.

Viver pra ser melhor também é um jeito de levar a vida.

domingo, 19 de janeiro de 2014

#CaféPoesia

Gente que mantém
pássaros na gaiola
tem bom coração.
Os pássaros estão a salvo
de qualquer salvação.

.

Ainda vão me matar numa rua.
Quando descobrirem,
principalmente,
que faço parte dessa gente
que pensa que a rua
é a parte principal da cidade.

.

(...)
Ficar na ponta dos pés
além de nobre exercício
a mais sábia medida
para subir na vida.

.

(...)
Assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

.

pompa há tanto conquista
cautela tão mal calculada
pausa na pauta
quem sabe em pio pousada
me passa este meio-dia
atravessa esse meio-fio
aplaca essa luz
a causa desta madrugada

atiça-me a calma
em cólera e guerra floresça
toda essa falta
minha alma
tanta valsa chama saudade
tanto A tanto B tanto Z

tanto mim me pareça você

.

Quatro dias sem te ver
e não mudaste nada
falta açúcar na limonada
me perdi da minha namorada
nadei nadei e não dei em nada

sempre o mesmo poeta de bosta
perdendo tempo com a humanidade


Leminski

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

#Aquarela



Me perdoa? Caio de joelhos agora se precisar. Sabes bem que eu não faço cerimônias com você. Já desistimos dessa parte faz muito tempo.

"Faz-muito-tempo". Acho que esse é o problema, afinal. O tempo se faz rápido demais, e acumula, e quando a gente vê já passou um tanto de tempo que daí já "faz-muito-tempo". Daí já faz muito tempo que você não tá aqui porque você já foi. E não vai voltar. E nem pode. E nem deve porque, na verdade, eu também to indo. E eu to indo rápido demais, naquele ritmo que transforma os teus dias de férias em muito-tempo. Naquele ritmo que só você foi capaz de acompanhar, e não piscar, e não me deixar passar. Eu nunca vou esquecer que foi você quem ficou.

Eu não sou fácil. Eu sei. Mas quero que tu saibas que foi só de você que eu não passei e não vou passar. Não vou passar porque você ficou e me deu abrigo. Você me fez ficar quando eu achei que finalmente tinha entendido que nunca ficaria em ninguém. E aí você ficou em mim.





Me perdoa? É que eu não consigo evitar. E se te digo tudo isso é porque me dói. É porque hoje percebi que eu só sei lidar com a dor se eu te mostrar o machucado. Não é por mal. Mesmo indo - porque você me conhece e soube desde o primeiro dia que é inevitável que eu vá - eu to fazendo de tudo pra ficar. Eu sempre vou, mas eu sou egoísta. Queria que você fosse sim, mas que fosse assim como eu: ficando em mim também.

Vai, volta pra cá. Fica aqui.

#Travel

Essa é a "droga" de viajar. Aliás, viajar é a droga em si. Os pedaços do coração vão ficando livres, soltos por aí. Quanto a nós, fica sempre a vontade de voltar, lá e cá. Moça, pode ter certeza que pôr os pés na estrada é a droga mais deliciosa que eu já provei.
- E você sorri assim?
- É claro. É o que faço quando eu tô feliz.
- Pois é, mas ninguém entende. Olhe ao redor. Eles estão achando que você é louca.
- E eles acertaram, meu bem. Eles acertaram na mosca.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Era tarde da noite e finalmente já não havia mais nada a ser feito. Por detrás das vidraças se podia ver os primeiros raios de sol. Veja bem, para os trabalhadores noturnos a noite vai muito além da escuridão.

Entreguei o malote rotineiro e desejei-lhe um bom descanso. Conferindo os dados recém recebidos, desejou-me o mesmo. Já estava mais porta a fora que porta adentro quando ouvi sua voz novamente.

- Chegou bem em casa ontem? Fiquei preocupado.
- Cheguei sim. - Fui pega de surpresa pela indagação e pensei imediatamente que talvez devesse acrescentar mais alguma coisa para não parecer rude. - É perto, nem tem porque se preocupar.
- Fui até em casa no pau pra buscar um outro capacete, mas na volta já não te encontrei.
- Viu? Eu disse que era perto. - Ri. - Poxa, não precisava se preocupar, mesmo.
- Posso fazer uma pergunta?
- Claro. Pergunte.

Fez-se silêncio por alguns instantes.
- Tu achou que em algum momento dos últimos tempos eu estava dando em cima de ti?
- Não. Claro que não. Nem te preocupa com isso. - Menti descaradamente. Relações profissionais são relações profissionais, salientei em minha mente.
- Poxa. Então acho que não fui claro o suficiente. Eu estava.

Boquiaberta e estática frente a tanta franqueza, balancei a cabeça nervosamente. Lembrei que só restávamos nós dois ali e me senti desconfortável.
- E eu menti. - Soltei o ar bruscamente em algo que soou como uma risada mal sucedida e movi os cabelos a fim de cobrir ligeiramente o rosto. - Eu achava que sim, de fato. - Completei erguendo os olhos e mudando imediatamente a expressão na tentativa de esconder a vulnerabilidade que deixara escapar há milésimos de segundos atrás. Duvidei que adiantaria de alguma coisa.

Percebendo a mudança brusca, ele completou bagunçando os cabelos até então impecavelmente penteados:
- Pô, perdão, Gata. Só perguntei porque quero selar um acordo de paz.
Permaneci em silêncio e encarei seus olhos quase em tom de afronta.
- Olha, - ele continuou. - a verdade é que é impossível não me sentir atraído por essa "wild thing" que você carrega escondida por trás dessa fachada doce que engana a quase todo mundo por aqui. Mas eu sei também que diante da minha posição não posso nem pensar em qualquer coisa, então, podemos ser amigos?
- Relações profissionais são relações profissionais. - Repeti em voz alta dessa vez. - Mas confesso que não seria nada mal ter um amigo por aqui. Sabe, tem feito dias difíceis.
- Ô, se sei. Amigos? - Perguntou-me oferecendo um capacete.

Segurei o capacete pela outra extremidade e respondi sorrindo:
- Amigos.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014



Genial.

sábado, 11 de janeiro de 2014

#NãoHistória

A música que você não fez sobre o nosso amor que nunca existiu foi minha trilha sonora todo o dia. Senti uma saudade quase louca de todas as noites que eu não passei olhando você dormir e da sensação de paz que nunca senti ao teu lado. Vi as fotografias que não tiramos das viagens que não fizemos e senti saudades do cheiro da sua nuca.
 Lembrei daquela festa bacana que nós não fizemos. Os amigos que não tivemos, o som que não ouvimos juntos e os cafés bacanas que nunca concretizamos. E aquele casamento? Acho que a festa do casal de melhores amigos que nunca tivemos foi a festa mais divertida da nossa falta de história. Sua gravata e meu vestido, que nunca existiram, combinavam tanto quanto o seu gosto musical e o meu.
A cara que você não fez no primeiro dia que você acordou na minha casa que nunca existiu não poderia estar de fora dessas lembranças. Aquele dia das horas se espreguiçando que nunca existiram, da guerra de travesseiros que não tivemos e da decisão que não tivemos de assistir um dos filmes que nunca compramos comendo um dos brigadeiros que você nunca fez.
 Impossível esquecer também aquele show que você não fez. A sua declaração de amor de que nunca existiu seguida dos versos que você nunca cantou e o público, aquele público que nunca esteve em lugar algum, aplaudindo quando eu disse sim ao seu pedido que não existiu. Aí eu lembrei sabe do que? Daquelas pegadas que não ficaram na areia no dia que nos não trocamos alianças do nosso jeito, sozinhos e com todo amor do mundo, que nunca sentimos.
Eu lembro perfeitamente da nossa casa que nunca existiu. Os quadros que nunca tivemos dos nossos ídolos misturados com os discos, filmes e livros que eu nunca soube se eram meus ou teus, e que no final nunca foram de ninguém. A nossa vontade que nunca existiu de aproveitarmos o nosso final de semana em casa recebendo amigos, comendo pizzas assistindo as comédias nacionais que nunca vimos.
 E aí, quando me bateu um medo violento do mundo, seu abraço que nunca existiu era o único capaz de conseguir me fazer acreditar. O jeito intenso de me fazer perceber que você sempre estaria ali nunca foi sua marca mesmo. E eu levava o computador para a cama grande que nunca tivemos e nós escrevíamos juntos aqueles textos bonitos que nunca existiram.
 Lembro exatamente do dia em que eu não descobri que você seria o homem perfeito pra mim. Quando eu não peguei na sua mão, nem olhei no fundo dos seus olhos que não pareciam ainda mais azuis, e não disse que te amava. De quando você não me pediu perdão por ter medo de amar, mas não falou que mesmo assim não queria mais viver longe de mim.
 Nossa história é aquela que nunca existiu. É uma quase não história. Mas eu vivi na cabeça tantas vezes cada um desses momentos, que eu até esqueço que só aquela que eu não fui, acompanhada daquele que você nunca foi, seriam capazes de viver um conto de fadas de verdade.

Marina Melz

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uh!

Ah, feliz ano novo!