segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pode crer que tudo vai dar certo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Chega um dia em que você se perdoa. Pelos erros cometidos, pelas chances desperdiçadas e pelas escolhas mal feitas. E isso não por acomodação ou fraqueza, mas porque a maturidade te ajuda a reconhecer e respeitar suas razões e seus limites. Então você para de se cobrar por aquele sonho incompleto ou por aquele relacionamento que chegou ao fim. Entende que cada um só pode dar aquilo que tem, e que nem sempre o seu melhor é suficiente. Aceita também que a vida é um ir e vir infinito e que certas coisas e pessoas realmente chegam com o propósito de partir, de deixar saudade ou de deixar um aprendizado. Compreende que em muitas situações passadas você foi obrigado a tomar decisões as quais ainda não estava preparado, e aí cria forças para reescrever o que foi mal escrito. Aceita que as pessoas que você ama também tem o direito de errar, que a distância não destrói amizades verdadeiras, que as opiniões adversas são as que mais te fazem crescer, que o medo é um combustível poderoso, que a saudade é uma cicatriz que vale a pena carregar e que a culpa é uma cela onde o carcereiro e o prisioneiro são a mesma pessoa. E então depois que percebe tudo isso você faz as pazes consigo mesmo, e encara a vida com mais serenidade. Porque você entende afinal que precisa ser sempre o primeiro a se perdoar, já que é o único que conhece verdadeiramente seus motivos."

Rafael Magalhães
"A vida é como um livro e é preciso que se aprenda a dividi-lo em seus capítulos. Uma boa história em cada capítulo: é assim que se escreve um bom livro. Vivo, intenso, verdadeiro e bem dividido. Não tenha medo do ponto final. Os capítulos tem início e fim e cabe a você perceber o momento de cada um terminar. Se permita uma página em branco. Dê a si mesmo a oportunidade de recomeçar. Uma nova história só tem início quando você vira a página. Por melhor ou pior que tenha sido determinada história, ela precisa ter um fim para que outra possa começar. Não existe hora certa de se iniciar um capítulo. Não precisa ser pela manhã, no início do ano ou na segunda-feira. Ele simplesmente começa quando você decidir escrevê-lo. Personagens entram e saem da história. Aceite: alguns chegam pra ficar, outros fazem o seu papel e se vão. Pode ser que algum retorne em um capítulo mais a frente, nunca se sabe. Não se prenda aos personagens secundários. O único personagem vitalício nesse livro é você. Todos os outros vão passar, cedo ou tarde. Você é o autor, diretor, roteirista e personagem principal dessa história. É a sua história."

 Rafael Magalhães

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"I guess one part of me has always been a nomad, physically and spiritually. (...) There's nothing in me that is not in everybody else and there's nothing in everybody else that there's not also in me."

Elif Shafak

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"...Virara aquilo que um dia condenei: um alguém paralisado por detrás de grades feitas de um maciço e gigante... nada. Absolutamente nada."


E. E nós. Nós éramos tão jovens. Completamente embebidos e afogados naquele ar inocente, infantil. Aqui se inicia o que não é nem de perto um começo. O que foi já passou. E se passou tanto desde que foi.

Quem me dera houvesse tempo para documentar tanta vida, mas viver nos ocupa tempo demais. Para quê se vive, afinal?

 Hoje o dia amanheceu ansioso e melancólico aqui no sul do país. Depois de rodar terras longínquas, fitei meu retrato cru e inchado no primeiro raio da manhã. Retornei para onde tudo começou. O que eu estou fazendo aqui?

Reparei que linhas tênues saltam discretamente em minha pele, denunciando todo o "e" vivido desde aquela época em que éramos tão jovens. Não ouso me declarar velha tampouco, mas percebo a ação indubitável do tempo, denunciando-se pelos arredores de um par de olhos amendoados e incertos. Se não o tempo, qual é a matéria prima das certezas?

A imagem do espelho me acompanhou ao longo de todo o dia e a casa vazia me aprisionou de portas abertas. Para onde eu devo ir?

O parapeito da janela me parecia o que de mais próximo havia para se chamar de liberdade. Abri os vidros e deixei que o ar gelado enrijecesse minhas bochechas e avermelhasse meu nariz. - Acho que eu não gosto de frio.

Fitei a imensidão cinzenta do céu e o ar bucólico dos fundos daquela rua tranquila e repleta de belos sobrados e pinheiros imponentes. Uma revoada de pássaros cruzou o horizonte, surgindo do ponto mais ao norte a que minha visão conseguia alcançar e sumindo pelo extremo sul. Observei que nenhum deles errava o caminho ou, quiça, demonstrava qualquer traço de hesitação. Senti inveja. Para onde eu quero ir?

Há pouco que me sentia em paz. O que tanto me atormenta agora?

Muda..

Que o mundo muda contigo.



(...)
E depois de explorar o mundo lá de fora
nada me seduzia mais do que a ideia de um cantinho pra explorar esse mundo aqui de dentro.

Chá fumegante, coração tranquilo, paz e gratidão.
Um brinde a nova fase.


Gotta a feeling in my soul.
Love burns brighter than sunshine.
Let the rain falls, I don't care.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Papo de boteco

..E depois de gastar os tênis até o limite da exaustão, parei no único canto da cidade que me soava familiar.
Ela já me vira antes e, por  alguma razão que desconheço, aprendera instantaneamente a ler o meu olhar. Coisa rara, digo, aquela familiaridade.

Adiantei-me frente a expressão preocupada:
- Olha, tu sabes bem que normalmente eu escolho um chá, mas hoje eu quero um par de cervejas geladas e um maço do cigarro mais forte, por favor.
- Dia difícil, hã? - Perguntou com um sorriso solidário.
- Não fazes ideia, viu?
- Sorria, já é fim do dia. - Disse ela ensaiando uma firula desengonçada e entregando meu pedido já cuidadosamente embrulhado em uma sacola.
- Ai. - Respondi quase que puramente por impulso.
- Alguma dor?
- Olha, moça, depois de tudo? Doem os meus joelhos.
- Ah, sei bem como é. Descansa que o amanhã é sempre um novo dia.
- Sim. É sempre um novo dia... e quem sabe um dia chega o dia que.
- O dia que?
- Sim. O dia "que!" - Arregalei os olhos.
- Ah, claro.. o dia que. Ele chega sim, pode acreditar. - Lá estava ela lendo meus olhos, ou, desconfio eu, algo além deles - São 14 reais. Mais alguma coisa? - Me agradava muito aquela ética profissional.
- Não, não. É só isso. Por hoje deu, entende? - Respondi com uma certeza latente de que não estávamos falando sobre a mesma coisa.
-  Então uma boa noite, viu?
- Obrigada, igualmente. Há de ser, aliás, sei que sim.
Ofereci um sorriso cansado, porém otimista. Naquela altura do campeonato, era a única coisa que eu ainda tinha para oferecer.

Foram os meus joelhos cansados e doloridos que, sem reclamar, me trouxeram até em casa.
I got a body full of liquor, with a cocaine kicker and I'm feeling like I'm thirty feet tall, so lay it down.

 You got your legs up in the sky, with the devil in your eyes, let me hear you say you want it all. Say it now.

 Look what you'r doing, look what you've done. But in this jungle you can't run, cause what I got for you I promise is a killer. You and me, baby, fucking like gorillas.

 I got a fistful of your hair but you don't look like you're scared. You're just smiling n telling me "it's yours" cause you know how I like it, "use a dirty, little lover".

 If the neighbors call the cops, call the sheriff, call the swat, we don't stop, we keep rocking while they knocking on our door and you're screaming "give it to me, baby, give it to me, motherfucker".

 I bet you never ever felt so good n I got your body trembling like it should. You'll never be the same, baby, once I'm done with you.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Creep - Radiohead.

terça-feira, 24 de junho de 2014

"E grito bem alto, 
bem alto, 
onde ninguém possa ouvir. 

Bem alto, 
bem alto. 

[...] 

Que ninguém possa ouvir."
(Rodrigo Oliveira)

E, de toda a nossa complexa equação, foi justo por me deixares tão tão livre - para que fosse só meu o fardo da partida definitiva ou, quiça, do regresso tardio - que me desesperava estar, mesmo depois de tão longa e exaustiva matemática, parada bem ali. [...]

Um relicário imenso.

#justride2014


..Então o vidro se quebrou e o peixe.. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Talvez eu só precise um café e um abraço. Bem quentinhos.

 "Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas."

domingo, 6 de abril de 2014

São tantas coisas pra fazer que eu não faço nada. 

#8dias #eurotrip #justride2014 #thesidesof

quinta-feira, 27 de março de 2014

A verdade é que há muito o que se dizer sobre o dia em que ela decidiu que foi ali ser feliz e não volta nunca mais.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

#SobreLiberdade

"As pessoas estão esquecendo cada vez mais de pausar, respirar, ter paciência, sentir. Ao que me parece, amadurecer virou um sinônimo inflexível de levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, se possível, pra ontem. Quem mostrar primeiro que superou ganha. E se nem precisar superar, já que nem chegou a sentir, melhor, significa que você é o campeão incontestável.

Perdoem-me os indiferentes irremediáveis, mas eu quero mesmo é me remediar. Quero ser contaminada por aqueles que são facilmente representados por braços abertos, sorrisos no rosto e um convite de – vem comigo, quero mais amigos no estilo – topo tudo, quero mais intimidade com a vida e com o que ela tem de melhor, quero desprendimento, mas que seja responsável e comprometido com o amor.

Minha noção de liberdade não é presa a mim mesma. Quero ser livre me prendendo ao dar a mão, ao abraçar, ao cuidar, ao respeitar, ao valorizar o mundo ao meu redor. E que venham comigo, lado a lado, pelo menos mais umas 10 pessoas, sem que nenhuma tente me podar à força, e, dentre elas, algumas desconhecidas, que é pra poder sair da zona de conforto de crescer só com quem sempre cresci.

Porque vou te dizer: é decepcionante perceber quando as pessoas começam a perder a sensibilidade e atribuem tudo a uma tal “falta de intimidade”. Parece que não se tem mais intimidade com nada nem ninguém. Tudo vai simplesmente se fechando. Se antes a educação não te permitia não convidar um colega a se sentar à mesa com você, hoje em dia a “falta de intimidade” com o bendito colega te permite deixá-lo de escanteio sem o menor remorso. Se antes a liberdade de viver te permitia ser um alguém apaixonado por essência, só por ser apaixonado pela vida e pelas experiências, nos dias da era da “falta de intimidade” apaixonar-se é fraqueza de espírito.

Legal mesmo é ser blindado. Quer coisa melhor do que não sentir? Porque ai daquele que sente. Esse vai sentir ainda mais quando receber em troca um belo “é frescura”. Sim, envolver-se, de todas as formas e em todas as situações é frescura. Mais vale dizer que não se importa do que admitir que sofreu ou deu uma mancada.

É um grito patético e sem fim de NÃO ME IMPORTO, assim mesmo, em caixa alta. Eu tô gritando com você porque se eu tentar, se você tentar sussurrar baixinho, meio que sem pretensões um: "eu… me… importo…,” vai ouvir e ser quase que obrigada a digerir como resposta um mais patético e ensurdecedor ainda: "pois não devia!"

Ainda bem que minha audição nunca foi das melhores."

Bianca Trindade

Don't date a girl who travels

She’s the one with the messy unkempt hair colored by the sun. Her skin is now far from fair like it once was. Not even sun kissed. It’s burnt with multiple tan lines, wounds and bites here and there. But for every flaw on her skin, she has an interesting story to tell.

Don’t date a girl who travels. She is hard to please. The usual dinner-movie date at the mall will suck the life out of her. Her soul craves for new experiences and adventures. She will be unimpressed with your new car and your expensive watch. She would rather climb a rock or jump out of an airplane than hear you brag about it.

Don’t date a girl who travels because she will bug you to book a flight every time there’s an airline seat sale. She wont party at Republiq. And she will never pay over $100 for Avicii because she knows that one weekend of clubbing is equivalent to one week somewhere far more exciting.

Chances are, she can’t hold a steady job. Or she’s probably daydreaming about quitting. She doesn’t want to keep working her ass off for someone else’s dream. She has her own and is working towards it. She is a freelancer. She makes money from designing, writing, photography or something that requires creativity and imagination. Don’t waste her time complaining about your boring job.

Don’t date a girl who travels. She might have wasted her college degree and switched careers entirely. She is now a dive instructor or a yoga teacher. She’s not sure when the next paycheck is coming. But she doesn’t work like a robot all day, she goes out and takes what life has to offer and challenges you to do the same. 

Don’t date a girl who travels for she has chosen a life of uncertainty. She doesn’t have a plan or a permanent address. She goes with the flow and follows her heart. She dances to the beat of her own drum. She doesn’t wear a watch. Her days are ruled by the sun and the moon. When the waves are calling, life stops and she will be oblivious to everything else for a moment. But she has learned that the most important thing in life isn’t surfing.

Don’t date a girl who travels as she tends to speak her mind. She will never try to impress your parents or friends. She knows respect, but isn’t afraid to hold a debate about global issues or social responsibility.

She will never need you. She knows how to pitch a tent and screw her own fins without your help. She cooks well and doesn’t need you to pay for her meals. She is too independent and wont care whether you travel with her or not. She will forget to check in with you when she arrives at her destination. She’s busy living in the present. She talks to strangers. She will meet many interesting, like-minded people from around the world who share her passion and dreams. She will be bored with you.

So never date a girl who travels unless you can keep up with her. And if you unintentionally fall in love with one, don’t you dare keep her. Let her go.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Não queria que você me entendesse mal, porque isso tudo pode soar muito ofensivo. É que você sempre foi do tipo de cara que acredita em futuro e em tudo o "que vem depois de". E eu sempre achei isso muito bonitinho, mas continuo sendo uma daquelas.. como era mesmo? Ah, isso. Inconsequentes. Uma daquelas inconsequentes.

Daquelas que não acreditam em depois, só em agora. Porque tempo e pessoas são duas coisas que não se tem. Então não se tem nada, ou quase nada. Se tem o agora e agora eu tenho vontade de te encontrar. Te encontrar pra fazer do teu abraço um abrigo e ouvir a tua voz sussurrando que me ama.

Apesar de, você ainda me ama e esconde esse sentimento junto do nó na garganta que se forma toda vez que pensa no tal de futuro. Futuro feito de infinitos agoras vividos inevitavelmente sem mim. Só mais tantos agoras exatamente iguais a esse agora de agora, aliás.

E eu queria te ouvir dizer que ali tudo é perfeito, que ali nós somos perfeitos um pro outro por mais que eu nunca tenha sido e continue não sendo absolutamente nada do que você sempre sonhou. E ali seria, eu seria, nós seríamos.

Te ouvir dizer que mais do que o ar que invade os teus pulmões, sou eu quem te faço viver. E no fundo você sabe que, apesar de, ali, seria.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014



Leason for a lifetime: Live your dreams and, most of all, face your fears. I promisse you that even after the darkests nights, the sun will be there, shining only for you again.

Viver pra ser melhor também é um jeito de levar a vida.

domingo, 19 de janeiro de 2014

#CaféPoesia

Gente que mantém
pássaros na gaiola
tem bom coração.
Os pássaros estão a salvo
de qualquer salvação.

.

Ainda vão me matar numa rua.
Quando descobrirem,
principalmente,
que faço parte dessa gente
que pensa que a rua
é a parte principal da cidade.

.

(...)
Ficar na ponta dos pés
além de nobre exercício
a mais sábia medida
para subir na vida.

.

(...)
Assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

.

pompa há tanto conquista
cautela tão mal calculada
pausa na pauta
quem sabe em pio pousada
me passa este meio-dia
atravessa esse meio-fio
aplaca essa luz
a causa desta madrugada

atiça-me a calma
em cólera e guerra floresça
toda essa falta
minha alma
tanta valsa chama saudade
tanto A tanto B tanto Z

tanto mim me pareça você

.

Quatro dias sem te ver
e não mudaste nada
falta açúcar na limonada
me perdi da minha namorada
nadei nadei e não dei em nada

sempre o mesmo poeta de bosta
perdendo tempo com a humanidade


Leminski

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

#Aquarela



Me perdoa? Caio de joelhos agora se precisar. Sabes bem que eu não faço cerimônias com você. Já desistimos dessa parte faz muito tempo.

"Faz-muito-tempo". Acho que esse é o problema, afinal. O tempo se faz rápido demais, e acumula, e quando a gente vê já passou um tanto de tempo que daí já "faz-muito-tempo". Daí já faz muito tempo que você não tá aqui porque você já foi. E não vai voltar. E nem pode. E nem deve porque, na verdade, eu também to indo. E eu to indo rápido demais, naquele ritmo que transforma os teus dias de férias em muito-tempo. Naquele ritmo que só você foi capaz de acompanhar, e não piscar, e não me deixar passar. Eu nunca vou esquecer que foi você quem ficou.

Eu não sou fácil. Eu sei. Mas quero que tu saibas que foi só de você que eu não passei e não vou passar. Não vou passar porque você ficou e me deu abrigo. Você me fez ficar quando eu achei que finalmente tinha entendido que nunca ficaria em ninguém. E aí você ficou em mim.





Me perdoa? É que eu não consigo evitar. E se te digo tudo isso é porque me dói. É porque hoje percebi que eu só sei lidar com a dor se eu te mostrar o machucado. Não é por mal. Mesmo indo - porque você me conhece e soube desde o primeiro dia que é inevitável que eu vá - eu to fazendo de tudo pra ficar. Eu sempre vou, mas eu sou egoísta. Queria que você fosse sim, mas que fosse assim como eu: ficando em mim também.

Vai, volta pra cá. Fica aqui.

#Travel

Essa é a "droga" de viajar. Aliás, viajar é a droga em si. Os pedaços do coração vão ficando livres, soltos por aí. Quanto a nós, fica sempre a vontade de voltar, lá e cá. Moça, pode ter certeza que pôr os pés na estrada é a droga mais deliciosa que eu já provei.
- E você sorri assim?
- É claro. É o que faço quando eu tô feliz.
- Pois é, mas ninguém entende. Olhe ao redor. Eles estão achando que você é louca.
- E eles acertaram, meu bem. Eles acertaram na mosca.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Era tarde da noite e finalmente já não havia mais nada a ser feito. Por detrás das vidraças se podia ver os primeiros raios de sol. Veja bem, para os trabalhadores noturnos a noite vai muito além da escuridão.

Entreguei o malote rotineiro e desejei-lhe um bom descanso. Conferindo os dados recém recebidos, desejou-me o mesmo. Já estava mais porta a fora que porta adentro quando ouvi sua voz novamente.

- Chegou bem em casa ontem? Fiquei preocupado.
- Cheguei sim. - Fui pega de surpresa pela indagação e pensei imediatamente que talvez devesse acrescentar mais alguma coisa para não parecer rude. - É perto, nem tem porque se preocupar.
- Fui até em casa no pau pra buscar um outro capacete, mas na volta já não te encontrei.
- Viu? Eu disse que era perto. - Ri. - Poxa, não precisava se preocupar, mesmo.
- Posso fazer uma pergunta?
- Claro. Pergunte.

Fez-se silêncio por alguns instantes.
- Tu achou que em algum momento dos últimos tempos eu estava dando em cima de ti?
- Não. Claro que não. Nem te preocupa com isso. - Menti descaradamente. Relações profissionais são relações profissionais, salientei em minha mente.
- Poxa. Então acho que não fui claro o suficiente. Eu estava.

Boquiaberta e estática frente a tanta franqueza, balancei a cabeça nervosamente. Lembrei que só restávamos nós dois ali e me senti desconfortável.
- E eu menti. - Soltei o ar bruscamente em algo que soou como uma risada mal sucedida e movi os cabelos a fim de cobrir ligeiramente o rosto. - Eu achava que sim, de fato. - Completei erguendo os olhos e mudando imediatamente a expressão na tentativa de esconder a vulnerabilidade que deixara escapar há milésimos de segundos atrás. Duvidei que adiantaria de alguma coisa.

Percebendo a mudança brusca, ele completou bagunçando os cabelos até então impecavelmente penteados:
- Pô, perdão, Gata. Só perguntei porque quero selar um acordo de paz.
Permaneci em silêncio e encarei seus olhos quase em tom de afronta.
- Olha, - ele continuou. - a verdade é que é impossível não me sentir atraído por essa "wild thing" que você carrega escondida por trás dessa fachada doce que engana a quase todo mundo por aqui. Mas eu sei também que diante da minha posição não posso nem pensar em qualquer coisa, então, podemos ser amigos?
- Relações profissionais são relações profissionais. - Repeti em voz alta dessa vez. - Mas confesso que não seria nada mal ter um amigo por aqui. Sabe, tem feito dias difíceis.
- Ô, se sei. Amigos? - Perguntou-me oferecendo um capacete.

Segurei o capacete pela outra extremidade e respondi sorrindo:
- Amigos.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014



Genial.

sábado, 11 de janeiro de 2014

#NãoHistória

A música que você não fez sobre o nosso amor que nunca existiu foi minha trilha sonora todo o dia. Senti uma saudade quase louca de todas as noites que eu não passei olhando você dormir e da sensação de paz que nunca senti ao teu lado. Vi as fotografias que não tiramos das viagens que não fizemos e senti saudades do cheiro da sua nuca.
 Lembrei daquela festa bacana que nós não fizemos. Os amigos que não tivemos, o som que não ouvimos juntos e os cafés bacanas que nunca concretizamos. E aquele casamento? Acho que a festa do casal de melhores amigos que nunca tivemos foi a festa mais divertida da nossa falta de história. Sua gravata e meu vestido, que nunca existiram, combinavam tanto quanto o seu gosto musical e o meu.
A cara que você não fez no primeiro dia que você acordou na minha casa que nunca existiu não poderia estar de fora dessas lembranças. Aquele dia das horas se espreguiçando que nunca existiram, da guerra de travesseiros que não tivemos e da decisão que não tivemos de assistir um dos filmes que nunca compramos comendo um dos brigadeiros que você nunca fez.
 Impossível esquecer também aquele show que você não fez. A sua declaração de amor de que nunca existiu seguida dos versos que você nunca cantou e o público, aquele público que nunca esteve em lugar algum, aplaudindo quando eu disse sim ao seu pedido que não existiu. Aí eu lembrei sabe do que? Daquelas pegadas que não ficaram na areia no dia que nos não trocamos alianças do nosso jeito, sozinhos e com todo amor do mundo, que nunca sentimos.
Eu lembro perfeitamente da nossa casa que nunca existiu. Os quadros que nunca tivemos dos nossos ídolos misturados com os discos, filmes e livros que eu nunca soube se eram meus ou teus, e que no final nunca foram de ninguém. A nossa vontade que nunca existiu de aproveitarmos o nosso final de semana em casa recebendo amigos, comendo pizzas assistindo as comédias nacionais que nunca vimos.
 E aí, quando me bateu um medo violento do mundo, seu abraço que nunca existiu era o único capaz de conseguir me fazer acreditar. O jeito intenso de me fazer perceber que você sempre estaria ali nunca foi sua marca mesmo. E eu levava o computador para a cama grande que nunca tivemos e nós escrevíamos juntos aqueles textos bonitos que nunca existiram.
 Lembro exatamente do dia em que eu não descobri que você seria o homem perfeito pra mim. Quando eu não peguei na sua mão, nem olhei no fundo dos seus olhos que não pareciam ainda mais azuis, e não disse que te amava. De quando você não me pediu perdão por ter medo de amar, mas não falou que mesmo assim não queria mais viver longe de mim.
 Nossa história é aquela que nunca existiu. É uma quase não história. Mas eu vivi na cabeça tantas vezes cada um desses momentos, que eu até esqueço que só aquela que eu não fui, acompanhada daquele que você nunca foi, seriam capazes de viver um conto de fadas de verdade.

Marina Melz

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Uh!

Ah, feliz ano novo!