terça-feira, 31 de março de 2009

Coisas esotéricas me passam na cabeça
vou logo dizendo antes que eu me esqueça
coisas bem malucas como te amar
te amar
te amar

Sentimento louco amor bem profundo
acho que vou desligar-me desse mundo
antes que enlouqueça esse meu coração

A minha cabeça está virada
fico louco pela madrugada
a procura de alguém, um ombro pra chorar
só por seu amor
seu amor
seu amor

Sentimento louco amor bem profundo
acho que eu vou desligar-me desse mundo
antes que enloqueça esse meu coração.. (L)

coisas esotéricas - hugo pena e gabriel
ai ai.. vício
é até difícil escolher qual das músicas postar aqui
x)~

segunda-feira, 30 de março de 2009

Capítulo 8

Depois do bar eu demorei para dormir. Sabia que precisaria acordar cedo no dia seguinte mas, ainda assim, minha mente estava acordada demais e borbulhando pensamentos enfurecidamente. A última coisa que me lembro é de ter caído no sono sem ao menos perceber. Não sei se sonhei. "Ah, não!" pensei automaticamente ao ser acordada pelo despertador de meu celular. "Eu não mereço isso.. quero ficar na cama!" Estava ali, mais uma vez, como muitas nos últimos tempos, lutando contra a realidade. O dia foi longo e agitado. Animava-me pensar que a semana já estava quase no final e, que aquele era um dia de festa. Nesses dias seria perfeito se a aula fosse um detalhe a ser esquecido. É claro que não era. Depois do que me parecera décadas o relógio finalmente marcava 10 horas. Dali eu nem iria para casa, apesar da necessidade imensa de tomar um banho. Eu conhecia aquele jeito de andar. Ele trazia consigo um sorriso que me paralisara. Com certeza, ele era a última pessoa que eu esperaria encontrar ali. Como podia o mundo ser tão pequeno e a faculdade indiscutivelmente menor ainda? Eu fiquei instintivamente parada esperando que ele se aproximasse, sentindo o calor tomar conta de meu rosto e o suor rapidamente se fazendo sentir em minhas mãos. Aquelas sensações me incomodavam; fugiam completamente de meu controle. A garota do Oxford, como era de se esperar, estava a poucos passos de distância de mim o tempo todo. "E aí?" Cumprimentou ele. "Tudo bem?" disse ela aproximando-se ainda mais para cumprimentá-lo. Ele, por sua vez, se aproximou de cada uma de nós e deu-nos um beijo no rosto. Eu pude sentir a sua mão segurando firmemente minha cintura e me deixando meio tonta. Novamente ele convidou para irmos ao apartamento dele tomar a tal cerveja enquanto conversaríamos um pouco e novamente nós recusamos afirmando que já tínhamos outro compromisso e precisávamos ir. Era verdade mas, eu podia perfeitamente me esquecer disso. Pude ouvir a sua voz rouca reclamando dos não´s que dávamos a seus convites enquanto a garota do Oxford explicava que nós já tínhamos planejado o que iríamos fazer com antecedência e que havia outras pessoas nos esperando. "Bom, se mudarem de idéia, passem lá, ok? Apartamento 21!" Entre risos ela afirmou que já sabia onde era. Nos despedimos e seguimos em direção aos nossos planos.

Capítulo 7

Estávamos saindo da aula alguns minutos mais cedo e ela estava novamente usando aquele Oxford preto. Aliás, nós duas tínhamos passado o dia todo andando por aí e falando sobre nada. Eu nunca havia me pronunciado sobre o efeito que ele causava em meus ossos - não pra ela -. Até poucas semanas atrás eu não sabia que nos tornaríamos amigas daquele jeito.
O bar ficava a poucos metros dali e o calor abafado daquela noite realmente merecia uma cerveja gelada. No caminho, nossa conversa frenética e despreocupada foi interrompida por uma música abafada e familiar. O toque do celular já não me causava estranheza alguma. O fato de o celular tocar, tampouco. Foram-se os comprimentos iniciais, que ouvi vaga e desinteressadamente, até que ela pronunciou o nome dele propositalmente com um sorriso imenso e divertido nos lábios para que eu soubesse quem estava falando do outro lado da linha. Era ele. Aquilo já foi suficiente pra que minhas pernas fraquejassem por um momento e eu mexesse nervosamente nos cabelos enquanto continuava a andar - agora sem o mínimo de naturalidade e destreza nos movimentos -. Apurei os ouvidos mas podia ouvir apenas o ruído vago da ligação. Não foi difícil de entender que ele estava convidando para uma "confraternização entre amigos" em seu apartamento - que Deus sabe que não deveria ser tão ridícula e revoltantemente perto de onde estávamos - regada de cerveja enquanto ela negava o convite dizendo que estava indo até o bar com aquelas amigas que ele conheceu na fatídica festa. "Ah, pode trazer as tuas amigas!" Ela repetiu o que acabara de ouvir se divertindo com a situação.
Eu ficava me perguntando quem gostaria de ir até a casa dele e afirmava logo em seguida com uma certeza extremamente falsa de que eu realmente não queria. Certamente estar ali, no bar, era um milhão novecentas e trinta e sete vezes melhor. Entre meus devaneios habituais e nossos assuntos divertidos de mesa eu não notei que a minha cabeça já estava na casa dele, a tempos.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Capítulo 6

Pra quem talvez fosse sair na quarta feira eu até que fiquei super bem em casa. Meus filmes e meus livros acabam sempre sendo uma grande companhia. As vertigens que tomam conta de meu corpo quando eu fico ansiosa não chegaram a me assolar, tanto. Foi inevitável não pensar em como estaria a festa onde é quase garantido me encontrar todas as quartas. Dessa vez eu não estava lá. Nada mais me trazia notícias dele e eu já sentia falta daquele sorriso torto. A mim, parecia uma eternidade passar mais de meia semana em casa nessas circunstâncias. Talvez a culpa fosse minha mesmo por não haver respondido o que parecera um convite da parte dele mas, obviamente não foi; ou talvez não.

terça-feira, 24 de março de 2009

Capítulo 5

A aula passou devagar e ainda assim eu não senti necessidade de comentar o acontecido com ninguém. Não chegava a ser um fato interessante. Os dias iam e vinham com a velocidade habitual, a semana deu lugar ao final de semana que por sua vez deu lugar ao início da nova semana. Nada de novos encontros casuais. Ainda assim, sempre que chegava em casa eu conectava a internet com um certo entusiasmo exagerado a fim de ver se algum recado dele estaria esperando para ser lido. Por vezes a minha expectativa era parcialmente correspondida com mensagens falando de alguma coisa vazia. Mesmo assim, colocava a cabeça para funcionar e buscava em meu leque de vocabulário as melhores palavras para parecer casual e expontânea porém, interessante. Tal expontaneidade forjada me tomava cerca de 20 minutos. "E aí, vai sair essa quarta feira novamente?" - Imaginei o sorriso torto e familiar inundando as feições de seu rosto e mostrando um interesse que ele, óbviamente, não tinha - Dizia o mais novo dos recados. Bom, eu não sei..

Capítulo 4

A porta do elevador se abriu e eu saí certa de que ele sairia atrás de mim - estávamos no último andar possível -. Falando em andar; andar até a minha sala - que era uma das últimas do longo corredor amarelo com plaquinhas azuis - era definitivamente um martírio. Não sei por que, com tantas salas possíveis na imensidão do campus I, eu vim parar justo aqui. "Esses corredores me lembram hospital" pensei. Acabara de tropeçar. Deus, por que eu sou tão desastrada, afinal? Estava começando a conhecer como ninguém aquela sensação de perder completamente a naturalidade ao sentir que aqueles olhos podiam estar me observando. Minha respiração com certeza estava audivelmente alterada e eu nada podia fazer. Sempre saía de meu controle. E foi assim, bruscamente que ele me arrancou de meus devaneios. "Bom, eu fico aqui." E se virou imediatamente em direção a porta de entrada da sala indicada - a primeira a direita ao sair do elevador -. "Ah, tá.. A minha é logo.. ali! Err, boa.. aula." O meu "boa aula" nada convincente ecoou pelos corredores com um segundo de atraso. Ele já se fora.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Capítulo 3

Deus deveria saber que o pior lugar do mundo pra me colocar é o elevador. Não é difícil perceber que eu sou um tanto quanto claustrofóbica e odeio a inércia fazendo resistência sobre o meu corpo. Isso me enjoa. A essas alturas ele falava alguma coisa com um colega que também entrara no elevador. Algo sobre os projetos dos últimos semestres e TCC; algo que nem se eu quisesse eu entenderia. Quando resolveram me incluir na conversa a idéia mais brilhante que eu tive foi contestar o que o colega dele acabara de falar sobre o fato de ele, justo eeeele, ser um tremendo estudioso. "Poxa, olha só.. Ela tá duvidando de mim! Eu estudo sim, tá?" e novamente aquele sorriso torto que a essas alturas já estava virando agradavelmente familiar.

domingo, 22 de março de 2009

Capítulo 2

Teria sido mais uma noite comum se eu não tivesse dado de cara com ele na porta do elevador. Que ironia! Nunca tinhamos nos encontrado por ali antes. Fiquei meio incerta quanto ao que fazer. Meus músculos contraíram, meu coração disparou e eu pude sentir minhas bochechas ruborizarem quase que instantaneamente. - Mantenha a naturalidade! Mantenha a naturalidade! Mantenha a naturalidade! - Pensei em vão. Podia sentir que agora meus passos eram mais lentos e travados. Estava acontecendo. Minha destreza desaparecera e eu me tornara novamente a garota mais desajeitada do mundo. Será que ele me reconheceria? Droga, eu sabia que não devia ter bebido tanto na noite anterior e muito menos devia ter fumado. Ele bem que poderia ter se assustado com o estado anti-social que me acomete quando me entorpeço nesse tipo de situação. Ele levantou a cabeça, abriu o mesmo sorriso torto da noite anterior e disse "ah, ooi!". Nessa altura eu já não tinha certeza se queria sumir ou estava feliz que ele tivesse se lembrado de mim. "Oi!" ai, puxa assunto rápido. "Nossa, eu nunca tinha visto você por aqui" graças a Deus, pensei. "É... e agora só porque nos encontramos ontem..." Eu sabia que as minhas palavras saíram estranhas e a conversa não teve nem de longe um tom de naturalidade. Estaria eu parecendo meio estérica? Pude sentir que tinha guspido involuntariamente ao pronunciar a última palavra. Que vergonha. Os dois riram e o elevador chegou.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Capítulo 1

Ele deu dois tapinhas leves em minhas costas e sugeriu que eu realmente deveria parar de fumar. Ainda era cedo e ele já estava ali me observando em silêncio a alguns minutos. Eu podia sentir seus olhos ágeis fitando alguma parte de mim de quando em vez. Talvez ele soubesse que eu não queria conversar durante aquela música; talvez ele pressentisse. Já tinhamos nos visto algumas vezes, mas aquela foi a primeira noite que ouvi a sua voz. "Estou tentando parar.." Ah, essa sim foi uma resposta idiota, pensei. Não sei ao certo quanto tempo eu demorei pra elaborar a frase e tampouco sei se enrolei a língua pra falar. Há horas que o álcool produzia um efeito entorpecente em minha veias. Ela chegou com um Oxford preto e duas garrafas de cerveja nas mãos. Passou direto e estendeu a garrafa suada em sinal de oferecimento. A cerveja definitivamente não era pra mim. Não sei ao certo se ela estava oferecendo a garrafa ou se oferecendo. "Hm.." ele me disse abrindo um sorriso torto. Bebeu um longo gole, trocou a garrafa pela mão da garota, virou as costas e saiu.

sábado, 14 de março de 2009

"For what it's worth: it's never too late or, in my case, too early to be whoever you want to be. There's no time limit, stop whenever you want. You can change or stay the same, there are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it. I hope you make the best of it. And I hope you see things that startle you. I hope you feel things you never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you're proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again.".

Era isso que eu precisava ouvir pra reforçar tudo que já estava na minha cabeça. Engraçado é o jeito como essas coisas acontecem.. Estava eu no blog da Kah (se é que eu posso me dar ao luxo de toda essa intimidade, uma vez que definitivamente não tenho essa intimidade) e lá estava, em um dos posts recentes, ela relatando que isso era exatamente o que ela queria ouvir. Descreveu até minha sensação de chute no estômago e tudo; tudinho. Eu adoro o blog dela, só não sei porque nunca parei pra comentar isso pra err.. ela.

P.S. Vou baixar o filme ;

quinta-feira, 12 de março de 2009

Tem vezes que eu vivo mais do que eu acho que posso aguentar. Sabe como é, viver perigosamente quem sabe desperte alguma coisa em mim.. nem que seja cansaço; muito cansaço. Eu queria dormir infinito mas, nos próximos 4 dias, dormir definitivamente vai ficar pra depois. Se eu realmente queria dormir infinito? Eu não sei. O porque disso tudo? Guess what; eu também não sei.

P.S. Meu nome artístico na minha nova banda pop "James - if you drink, don´t drive" onde eu sou a "bonitinha estilosa" é Superaining. A-hã.

quarta-feira, 4 de março de 2009

As vezes eu sinto que preciso escrever. Óbvio que nem por isso eu escrevo. As vezes eu não paro o que eu to fazendo pra sentar e escrever.. outras vezes eu até paro, mas não escrevo absolutamente nada. Precisar é bem diferente de conseguir, mas não deixa de ser um passo.
A tempos que eu quero escrever sobre o fato de Blumenau estar caótica depois que tudo aconteceu e de algum jeito colocar pra fora a minha amargura de perguntar quando essa cidade vai deixar de ser o retrato de uma cidade pós catástrofe. Chove e dá medo. Chove e inunda. Chove e enxe de barro. Chove e fede. Tá virando rotina ouvir gente se perguntando baixinho e com cara de pânico se vai conseguir subir o morro que dá acesso a sua casa depois de mais um pé d´agua. Aliás, são pés d´agua todos os dias. Até eu sinto medo.
Se eu sentisse medo só disso, tava ótimo. Mas eu sinto medo de mim. Sinto medo da minha vida, das minhas escolhas e as vezes até da minha covardia. Sinto medo das minhas reações e as vezes eu sinto medo da falta delas. Eu sinto medo por pensar que talvez agora eu esteja agindo assim diante de tudo que tá acontecendo e de todas as minhas confusões e mais tarde a reação finalmente chegar. Eu ando tão anestesiada que acordo pensando em dormir e já não me pego tendo muitas reações. Eu deixo as pessoas irem, me privo de coisas e companias, me privo de planos, já não procuro agradar demais, não ando me importando muito com meus machucados, já cansei de fingir ser o que eu não sou, tenho dúvidas, tenho até a ameaça de ter que mudar minha vida quase que por completo, to no meu inferno astral e ando assim.. atônita; meio barata tonta. Espero que esse tal de inferno astral seja uma boa explicação. Nem é exatamente ruim, é quase um equilíbrio forçado que você nunca sabe se é equilíbrio ou não afinal.. não sabe se tá equilibrada ou perigosamente desiquilibrada. Se a estrada é larga ou se você tá andando na beirada do precipício e ainda não enxergou.
Eu não fico perto das pessoas pelos motivos normais, eu não me privo de certas coisas pelos motivos normais, eu não me escondo pelos motivos normais, eu não escondo pelos motivos normais, eu nao como pelos motivos normais, eu não durmo pelos motivos normais, eu não rio e nem choro pelos motivos normais, isso quando eu não os faço sem motivo nenhum. Eu não vivo pelos motivos normais, eu não tenho planos normais, aliás, eu não tenho planos, eu não me encaixo nos padrões normais, não uso roupas normais, não aparento muita normalidade, eu não faço escolhas normais, meu julgamento não é normal, minha percepção não é normal, a atração que eu sinto não é normal, o que eu busco não é normal, aliás, não saber o que se busca nos outros, na vida e em si mesmo não é normal. Meu jeito de viver e o jeito que eu to vivendo também hm, não são normais.
Acho que eu já entendi que talvez não ame e viva um relacionamento com a mesma intensidade do que o que eu vivi, mas será que eu ainda vou ser intensa em alguma outra coisa? Não que as pessoas não me importem, que a faculdade, a vida, os amigos, a namorada.. importam; mas não me provocam intensidade. Eu lembro que já tive desejos intensos e vivia sempre na corda bamba.. meu chão estava longe de ser uma estrada sólida. Hoje eu tenho desejos, claro que sim.. mas não morro por nenhum deles. Eu desejo coisas demais, eu desejo pessoas demais, eu desejo tempo demais. Demais demais e demais. Não consigo entender o porque e o porque de conseguir ou não conseguir não me causa nada demais. Perder ou ganhar o que eu quero, por mais que eu ache que queira demais não me faz rir demais, não me faz chorar demais. Não me faz viver demais e não me faz querer morrer demais. Não me faz pular demais e não me faz cair demais. Eu desejo demais mas ao mesmo tempo eu desejo nada, desejo ficar sem pessoa nenhuma ainda que eu deseje pessoas, com coisa nenhuma ainda que eu deseje coisas, com tempo nenhum ainda que eu deseje tempo. Sei que eu não posso ter todos os que eu quero, nem tudo o que eu quero e nem todo o tempo que eu quero. Talvez eu pudesse se me tornasse alguém bem diferente do que eu sou.. mas isso eu não to disposta a fazer. Gosto até de toda essa confusão que me perturba. É bom saber que só eu sou assim e eu sou assim e não do jeito que eu queria ser ou do jeito que queriam que eu fosse. As vezes eu quero só parar no tempo, as vezes eu quero as voltas alucinantes dos ponteiros. Eu sei que eu vivo intensamente - pelo menos para o que me é permitido com meus meros 18 anos de idade e situação completamente dependente e blábláblá -, mas não sinto intensamente. Ai, foda. Não sei nem onde eu quero chegar escrevendo isso. Sei lá se eu to escrevendo por esporte, mas eu tenho inveja de mim mesma quando vejo o que eu escrevia na época intensa da minha vida. Será que daqui a algum tempo eu vou olhar pra trás e sofrer as consequencias do que não é intenso pra mim, hoje em dia, com intensidade? Só Deus sabe né? Isso se Ele souber, afinal. Eu sei que reclamava quando eu era muito intensa.. mas acho que eu quero a minha intensidade de volta.
Tem horas que eu fico com vontade de arrumar tudo. Arrumar a casa, arrumar o quarto, arrumar o orkut, o msn, as fotos, as músicas, as cartas, as lembranças, os sentimentos, a bolsa, o armário, a vida e o planeta. O difícil da situação é que eu quero arrumar tanta coisa, em tão pouco tempo, que acabo arrumando é nada. Se fosse pra ser, teria que ser imediato, tudo ao mesmo tempo, tudo naquela hora. O depois não me interessa. O depois me cansa. A realidade é que, só de olhar pra tudo que eu sinto que preciso arrumar, com uma intensidade molecular intensa de cada fibra do meu ser, quase como se a minha vida naquela hora dependesse disso, eu já fico cansada e travo. A teoria sempre foi bem mais fácil do que a prática pra mim. Nem por isso eu prefiro teorizar. É mais fácil pensar, ainda que as vezes eu me desespere por agir. Não tenho instinto prático, não sei viver direito nesse mundo e tomar a decisão é a parte da história que mais me consome. Uma vez decidida, pra mim é mais fácil seguir, ainda que a decisão seja difícil ou dolorida, enfim. Resumindo: se fosse pra ser, teria que ser imediato, tudo ao mesmo tempo, tudo naquela hora. O depois não me interessa. O depois me cansa. Depois a minha vontade vai ser outra e tudo vai continuar bagunçado como, pra falar a verdade, sempre foi.