quinta-feira, 30 de julho de 2009

How did we get here when I used to know you so well?
How did we get here? Well, I think I know.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Nós, os românticos, não temos mais lugar no mundo. Pouco a pouco, a gente morre, em meio à um mar de dívidas, impostos e ônibus cheios. Mas, enquanto isso não acontece comigo, eu vou lá, passear pela rua. Se você ver uma garota dançando no farol e cantandinho junto com a música, é muito capaz que seja eu; e se eu te desejar um bom dia, não estranhe - É de coração. Eu queria que as pessoas entendessem tudo, mas às vezes é difícil acreditar que elas consigam. Não que isso já tenha, nem vá, me impedir de ao menos tentar. Vocês também deveriam. Tentar, digo. Pelo bem do pouco que resta da esperança. [...]"

Autor Desconhecido; mas bem que poderia ser eu.
"A gente sai de casa para ir numa festa ou para pegar a estrada, e antes que a porta atrás de nós se feche, ouvimos a voz deles, pai e mãe: te cuida. A recomendação sai no automático: tchau, te cuida. Um lembrete amoroso: te cuida, meu filho. A vida anda violenta, mas a gente não dá a mínima para este "te cuida" que a gente ouve desde o primeiro passeio do colégio, desde o primeiro banho de piscina na casa de amigos, desde a primeira vez que saímos a pé sozinhos. Pai e mãe são os reis do "te cuida", e a gente mal registra, tão acostumados estamos com estes que não fazem outra coisa a não ser querer nosso bem e nos amar para todo sempre, amém.

No entanto, lembro da primeira vez em que estava apaixonada, me despedindo dentro do carro, entre beijos mais do que bons, com aquele que devia ser um moleque mas para mim era um homem, e um homem estranho, uma vez que não era pai, irmão, primo, amigo ou colega. Depois do último beijo, abri a porta do carro e, antes de sair, ouvi ele dizer com uma voz grave e sedutora: te cuida.

Me cuidarei, pode deixar. Me cuidarei para estar inteira amanhã de novo, para te ver de novo, te beijar de novo. Me cuidarei para me tocares com suavidade, para nunca encontrares um arranhão sobre a minha pele. E cuidarei do meu humor, dos meus cabelos, cuidarei para não perder a hora, cuidarei para não me apaixonar por outro, cuidarei para não te esquecer, vou me cuidar.

Me cuidarei ao atravessar a rua, me cuidarei para não pegar um resfriado, me cuidarei para não ficar doente. Me cuidarei, meu amor, enquanto estiver longe dos teus olhos, nos momentos em que você não pode cuidar de mim.

Fica a meu encargo voltar pra você do mesmo jeito que você me viu hoje. É de minha responsabilidade não ficar triste, não deixar ninguém me magoar, não deixar que nada de ruim me aconteça porque você me ama e não agüentaria. Claro que me cuido, nem precisava pedir.

Te cuida, dissera ele. E eu ouvi como se fosse um te amo.

Meses depois, terminando sem beijos de despedida, saio do carro trancando o choro, ainda que o rompimento tenha sido resolvido de comum acordo. Abro a porta e já estou com uma perna pra fora quando ouço, sem nenhuma aflição por mim, apenas consciência de que não teríamos mais notícias um do outro: te cuida. Me cuidei. Só chorei quando já estava dentro do elevador.

Martha Medeiros - Te cuida
Adoro essa. Aliás, adoro ela.
Cara, eu ainda vou escrever assim.

P.S. É, as vezes ela esquece que sabe escrever.
"Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e nem se terá, não discutir nem vingar-se e temperar tudo isso com chás - de preferência ingleses - cristais de gengibre, gotas de codeína, e, se a barra pesar, vinhos e conhaques. Tudo isso ajuda a atravessar agosto."

Caio F.
Inside my heart is breaking, my makeup may be flaking but my smile still stays on. The show must go on.

Welcome to the Moulin Rouge.
"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteira nas coisas que me contas, e assim calada, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és.
- Gosto tanto de você. - Disse-me.
Nada falei. Escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se faço doer é porque é para você, para você que escrevo — e não entendes nada. Pedi que me fizesses ter coragem de me enfrentar. Que mostrasse como é ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo."

Karla M.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Ela andava distraída. Coordenar as duas pernas para que a conduzissem na direção certa com o mínimo de decência e equilíbrio lhe custava, não há dúvidas, infinitamente mais do que "os olhos da cara".
Sempre fora considerada uma das melhores. A melhor equilibrista de todo aquele circo complexo em que vivia. Equilibrava o sol, o lobo, a lua e o mar. Equilibrava a fome, a sede, a doçura, a calma e o desespero. Equilibrava os arrepios, os sentimentos, as tragédias e as conquistas. Equilibrava a consciência, o orgulho, a vergonha, a missão, a alma e a coragem.
Era frio. Uma névoa branca e densa envolvia cada centímetro de seu corpo e parecia penetrar seus pulmões em harmonia com o ar gélido que soprava por entre as frestas dos longos e detonados arranhacéus daquela ruela. Nada ali fazia muito sentido mas ela andava distraída demais para notar qualquer falta de coerência. As imponentes construções se encontravam em estado de abandono escancarado e sofriam todos os maus tratos da madrasta maligna e impiedosa: o tempo. O tempo, que aos prédios sobrava, para ela faltava. Algoz de cada um a sua maneira, ela sabia que dele não haveria escapatória. Sabia sim, mas já não pensava.
O sobretudo preto e pesado escondia o corpo nu daquela menina. As nuances arroxeadas de sua pele se assemelhavam com as velhas obras abstratas de aquarela que eu costumava pintar. Quase imperceptíveis graças a fraca luz do único poste acesso naquela escuridão vazia, os traços, as curvas e os hematomas se faziam sentir dolorosamente enquanto ela caminhava. Não havia para onde fugir. Há alguns dias atrás sabia exatamente onde estava mas - em um mundo que de tão mundo parecia a ter esquecido - se perdeu completamente e caiu naquele abismo circular de muros gigantescos, lisos e escorregadios. Seria inútil tentar escalar. Parecia estar sonhando, mas conseguia ver com precisão o relógio digital em seu pulso marcando 00:45.
Como em um parque de diversões podia sentir a roda gigantesca se movendo. Dessa vez era diferente, entretanto. Ela desejava com todas as forças que pudesse sair. Não sabia o sentido de tudo aquilo e não conseguia abrir a boca para pronunciar um som que fosse. Não assumiria a culpa de quebrar o imponente silêncio que se instalara naquela dimensão. Apenas as arfadas doloridas se faziam ouvir; involuntariamente.
A névoa se tornava tão densa e sufocante que ela procurava dentro de si alguma lasca qualquer de força que pudesse ter ficado para trás e caído mais longe dos cacos de alma que ela havia deixado em algum lugar do caminho. A consciência já lhe faltava e ainda assim ela tentava, em vão, raciocinar.
O joelho direito foi o primeiro a tocar o chão, seguido pelo joelho esquerdo e, no milésimo de segundo posterior, pelas coxas, barriga, peitos, braços, mãos, rosto e cabelos. Um pequeno trecho do asfalto áspero esquentou a medida que aquele rastro de sangue deixava o corpo da menina. O vento intenso e cortante laceava os cabelos negros ao seu bel prazer, tornando a inconsciência um fabuloso, desregrado e aterrorizante espetáculo.
O aspiral inconstante e indecifrável de pensamentos e sentimentos se libertava na escuridão banhando de uma fúnebre luz prata a textura do céu noturno. Era uma quantidade crescente de pequenos e patéticos alfinetes prateadissimos dançando livremente ao som daquela madrugada silenciosa. As arfadas de dor e frio eram cada vez mais intensas a medida que a imensa bolha reluzente e mutante se formava ao redor do corpo inconsciente.
Agulhetas continuavam a se desprender e perfurar o interior dos órgãos e, em seguida, a pele pálida em direção ao vazio; ninguém viu por quanto tempo.
A gigante poça carmim derramada no asfalto se assemelhava aos velhos vinhos que degustava com meu pai em noites de inverno. Os contornos fortes e inertes do corpo daquela menina, escondidos pelo pesado pano preto e expostos ao nada se enchiam de vida, liberdade, inconsciência e dor a medida que os alfinetes o perfuravam de dentro para fora e pairavam, levando consigo minúsculas gotículas de sangue morno que sujavam a gigantesca bolha prateadoa que se erguia, pouco a pouco, quase como mágica, desde o chão até encobrir a menina por completo, dançando freneticamente e metalizando a precária visão que o resto do infinito poderia oferecer a qualquer espectador. Mas ninguém viu, ninguém nunca vê.
Ela ali sozinha, com o coração batendo desesperado no ápice inconsciente do sono profundo, rodeada por seus sentimentos e pensamentos prateadamente afiados que aguardam o sinal do primeiro acorde de consciência para perfurar nova e rapidamente aquele corpo que não podem simplesmente deixar pra trás. Ela então levanta, se olha no espelho e procura pelas feridas que trás na alma. Ela passa o dia equilibrando alfinetes afiados - presos entre os pólos positivo e negativo de seu corpo - até o cair da madrugada. Ela sente sono e pouco a pouco volta a andar dolorosamente pelo vazio até adormecer.
Girando na roda gigantesca sem saber como parar. Ninguém vê, mas acontece todas as noites.

P.S. O perispirito também é um corpo, certo?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Tantas decepções eu já vivi
Aquela foi de longe a mais cruel
Um silêncio profundo e declarei:
Só não desonre o meu nome.

Você que nem me ouve até o fim
Injustamente julga por prazer
Cuidado quando for falar de mim
E não desonre o meu nome.

Será que eu já posso enlouquecer ou devo apenas sorrir?

Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir
Que você me adora, que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora, que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber.

Perceba que não tem como saber
São só os seus palpites na sua mão
Sou mais do que seu olho pode ver
Então não desonre o meu nome.

Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa sua projeção
Aceito a apatia se vier
Mas não desonre o meu nome.

Será que eu já posso enlouquecer ou devo apenas sorrir?

Pitty - Me adora.

P.S. To indo pra praia. O resto? Deixa TUDO aqui.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Arrumando a casa, o quarto, as gavetas, a alma e a consciênca.
Eu queria que o verbo "esperar" fosse banido da língua portuguesa. Aliás, eu queria que "esperar" fosse banido de vez da minha vida. Queria poder extinguir qualquer pendência, ansiedade, qualquer esperança e qualquer expectativa. Tenho - quase - certeza que me sentiria um tanto quanto menos psicótica se assim fosse.

Queria escrever muito, sobre muita coisa; escrever por horas a fio arrancando, a cada minuto, um pedacinho desse turbilhão mudo e indecifrável e transformar lentamente tudo o que eu sinto, no que eu falo. Seria quase como deixar de sentir. Expressar. Libertar. Esvaziar. Desabafar. Racionalizar. Equalizar. Definir. Queria e precisava, mas tem alguma coisa dentro de mim que me impede. Acho que eu estou temporária e literariamente indisponível no momento. No mais, decidi que a partir de hoje vou começar a acordar mais cedo. E, sendo assim, preciso deitar.

Vi um filme ótimo hoje: "Ele não está tão afim de você". Todos muito diferentes e muito iguais. A verdade é que não há um só indivíduo que não se identificaria - o que reforça a minha teoria sobre como seres humanos são previsíveis -, meu Deus.

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Definitivamente, ninguém entenderia.

P.S. E pra escrever isso eu já levei 20 minutos e roi três unhas.

Boa noite, blógui. ;*

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Se você soubesse que eu ainda penso em você todo santo dia talvez as coisas tivessem acontecido de uma forma bem diferente. Se você soubesse o quanto ainda faz parte da minha vida e o quanto eu me importo não viria sem avisar e iria embora sem se despedir. Se você soubesse o quanto me dói achar que te falar agora seria em vão.. ainda assim, de dentro de mim eu nunca vou deixar você ir, espero que você ainda se lembre disso. É bem aqui que eu vou estar, bem aqui. Espero que você ainda lembre de quem eu sou e de quem queriamos ser lá na frente. Espero que você ainda lembre do que significa pra mim. Espero que quando tu pensar em mim não conjugue o verbo significar no passado. Eu to aprendendo a viver sem você, mas eu não queria.. Não queria 3x. Posso ter demonstrado de menos e a ligação pode ter caído antes de você atender, mas eu só queria ter te abraçado pra dizer que eu sinto a sua falta, todos, todos, todos os dias.

E jura que eu consigo escrever sobre isso, né?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Tratando de destruir todas as ilusões e expectativas que eu criei. Assim, uma por uma.
E se for pra resolver, eu já nem sei, eu já nem sei.

And it smells just like you, I love the things that you do.
Perdida na madrugada de uma alma inquieta que corre e não sabe se vai pra frente ou pra trás. Se não há jeito de encontrar as palavras certas aqui, imagina se eu for tentar falar.



Tem certas coisas que eu não sei dizer.