sexta-feira, 14 de setembro de 2012

É dia de dar tchau. Tcha-au, Free!


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Nunca mais se encontraram mas continuaram com o velho e perigoso hábito de confidenciar segredos. Segredos íntimos, que, ironicamente, não possuíam a coragem de assumir a mais ninguém. Na mesma lenta e infinda melodia, aprendiam que, em tempos de caos, distância não mais significa afastamento aos que seguem cantando, na íntegra, o verso principal da canção.

#Acabou




Passei boa parte do meu dia ouvindo essa música graças a dica do meu colega do lado. Como ando meio sem inspiração - ou talvez o certo seja "com muita confusão" - pra escrever, o ímpeto inicial foi simplesmente copiar e colar uma parte da letra. Sem propósito algum que não o de registrar. Só. Pensei um pouco melhor e mudei de ideia. De tanto ouvir, acabei pensando no que resolvi documentar - e porque não. Só uma opinião.




O final é agressivo. E continua sendo. Quero dizer, sempre. O final continua sendo agressivo sempre.

O sentimento pode passar, a mágoa, idem. A vida pode continuar, mas a lembrança do "acabou" sempre vai soar agressiva. A dúvida de "meu Deus, mas onde foi que acabou que eu não percebi?", também. O acabou é uma memória que vai parar, sem filtros ou pedágios, naquele compartimento meio isolado, obscuro e ressentido da mente. Aquele isolado com uma fita amarela e preta, com escritos de "cuidado" em toda a extensão. Bem sábio, por sinal. É preciso cuidado para não esbarrar nesse compartimentozinho desfavorecido durante um momento bom, um segundo de inspiração, um sopro de vida, um dia especial, uma risada gostosa. É por isso que uma música assim atinge até o mais feliz dos mortais.

E o "acabou" vai agredir quem disse, vai agredir quem ouviu. Vai agredir quem sentiu e quem não percebeu. E agride quando o fator que acaba com tudo é a falta de sentimento. Mas também agride quando o que acaba com tudo é o cansaço, ou o desgaste, ou a distância, ou o estress, ou a falta de grana, ou a traição, ou a desilusão, ou uma decisão equivocada, ou a imaturidade, ou a conjunção estelar, ou nenhum dos motivos anteriores. Porque só o acabou tem o poder de transformar amantes em estranhos.

A vida pode melhorar depois do final, mas o "acabou" em si é sempre agressivo. E, apesar disso, as pessoas equilibram mais um final antes de cada novo início, acumulando "acabou´s" permanentemente e pelo resto da vida. Faz parte de viver. Faz parte de se permitir, de amar e reamar. Acho que amar é a estupidez mais corajosa do mundo. Se entregar é quase um suicídio. Porque o pra sempre dos amantes, convenhamos, não é uma garantia convincente.

E o final sempre dói, agride. Dói o coração, agride o ego, aguça a imaginação, a teoria da conspiração, a auto-depreciação e por aí vai. Porque o acabou sempre vem acompanhado de julgamentos, de perguntas muitas vezes sem respostas - que, não raro, acabam sendo respondidas pelo ponto de vista distorcido do próprio questionador. E, mesmo depois do fim, ainda continua sendo agressivo olhar para a situação nua e crua. Continua sendo agressivo lembrar que "acabou". Assim, sem choro nem vela. Sem fantasia, caminhos alternativos, meias palavras, recados jogados ao vento, falsas esperanças. Nada muda a realidade dura de um "acabou", ainda que ela seja totalmente diferente daquilo que enxerga aquele que a vê.

Mas o acabou não é de todo ruim. Os seres humanos precisam de acabou para viver, para crescer. A comida do prato precisa acabar. O leite no seio da mãe também. O espaço para colar as figurinhas do seu álbum da copa. A primeira edição do seu livro preferido. O seu primeiro beijo. O orgasmo. Tudo precisa de um "acabou" pra que as pessoas sigam em frente. Elas seguem, e isso é bom. Depois de um prato de comida, pode vir um outro ainda melhor. Depois de um orgasmo, pode vir um orgasmo ainda mais intenso. Mas só se é capaz de descobrir depois de conviver com a agressividade de um "acabou". E o acabou é sempre agressivo. O acabou sempre fica marcado. O acabou não poupa ninguém.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Alice: Quanto tempo dura o eterno? 
Coelho: As vezes apenas um segundo. 
Eu: Ou menos.



Ela em minha frente e uma certeza: a eternidade pode durar menos de um segundo. Bastou um vislumbre pra despir a alma de tudo aquém a sua presença. Para despir a consciência de qualquer pudor e deixar que as primeiras lágrimas caíssem livres pelo rosto. Para rir, pular, gritar ou apenas observar sem pressa. E, sem noção alguma de tempo, pensar, repensar e trepensar: "Ela existe. Eu não acredito. Ela realmente existe". E então olhar, e olhar um pouco mais, desafiando as minhas próprias noções de realidade e felicidade.

A Alanis, aquela da minha infância, da minha adolescência, dos meus segredos, das minhas crises, minhas lágrimas, meus sorrisos, dos meus momentos de ócio e das minhas noites de solidão. Aquela do cabelo comprido, do olhar sonhador, da expressão de paz. Aquela suave feito anjo e intensa feito o bem e o mal de cada ser.

Aquela que levanta a cabeça a cada nota arrepiantemente aguda e fecha os olhos, e sorri e chora no palco. Aquela da voz doce, que me decifra, que me canta, que me constrói. Aquela que se move como ninguém, que joga os cabelos pra frente, mostra os ombros, a tatuagem e toca gaita como ninguém mais faz. Aquela que acompanha o ritmo de um jeito escandalosamente seu; com cada membro, com cada dedo, com toda a alma. Aquela que sente como ninguém, que vive e revive a cada palavra. Aquela que é a única capaz em soar verdadeira ao dizer "You´re so warm that it feels like home" ou um batido "I love you".

Aquela que termina o show com Thank You, mas não sem antes alcançar aquela nota de Uninvited que ninguém mais no mundo alcança. Aquela que arrepia com a energia de You Oughta Know e derrete a platéia inteira em Hands Clean e Head Over Feat. Aquela que sintetiza a vida em You Learn, sintetiza a dor em Flinch e me traduz em Hand in my Pocket. Aquela que transcreve o imprevisível em Ironic e emociona profundamente em Guardian.

Aquela que canta clássicos da minha geração e músicas que, com toda certeza, ainda se tornarão os clássicos da próxima.

 Ela existe. Agora com quadril - que inédito. No peito, uma gratidão de quem, naquele momento, não desejava mais nada. A certeza de que momentos perfeitos existem e, ainda bem, se tornam lembranças que nada é capaz de apagar.

  

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Fechei os olhos. Só mais um passo a frente. Mais um passo. Só mais um. Assegurei-me de que aquela porta, hoje jazendo em ruínas, havia ficado para trás. Então abri os olhos e abandonei a escuridão. Não. Não encontrei coragem e tampouco voltei minha cabeça ao passado. Sobre as ruínas, apenas me disseram. E eu acreditei. E foi como te observar um segundo mais, desejando sempre mais, mas travar frente as carnes da tua boca, já usada, abusada e, no íntimo, lacerada demais. Não notei os vincos, agora pouco mais profundos. Ignorei todos os sinais da minha falta de tempo. O tempo passara sem tardar um só segundo, sem dó de meu atraso. E passará sempre assim: impiedoso de alguém tão perdido quanto eu. Ah, que falta me fazem os teus olhos. E nem por isso pude vê-los pela última vez. Encarar-te seria, meu bem, assassinar o que, em verdade, nunca teve a oportunidade de existir.
Agora diz:

Queeeeeem vou ver a Alanis amanhã? Quem? Quem? Quem?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

"Sete anos – pensei ainda sonolenta e fora de mim. Esperei que mais um minuto se passasse. Sete horas da manhã. Despertador tocando. Nunca entendi porque eu teimava em acordar um minuto antes do soar estridente do meu despertador, aliás. Um minuto perdido e uma pitada insistente de melancolia. 

O conforto do meu quarto sempre combinara comigo. Os pouco mais de 8 metros quadrados que abrigavam boa parte dos meus medos, segredos, dúvidas e planos. E como eu os tinha, aliás. Planos que, não sei se por falta de oportunidade ou de culhões, nunca saíram do papel. 

Sempre sonhei em jogar tudo pro ar. Uma tarde ensolarada qualquer e a decisão que mudaria a minha vida: buscar o que de melhor o mundo tem pra oferecer. Largaria meu pequeno apartamento e tudo que lá estivesse - com a plena certeza de que não faria falta alguma. Comigo, apenas os bons. Meu "príncipe", encantado na medida exata, e meu gato, sem botas por enquanto."
"Que setembro seja melhor e supere todas as angústias, medos, inseguranças e azar de um agosto fodido." CFA

Dispensei a xícara de café matinal. Expresso, preto, adoçante, sem espuma. De preferência nessa ordem. Só que hoje não. E não é febre. Essa já se foi com agosto junto aos calafrios, as dores, ao eu-não-pedi-pra-nascer-e-não-quero-mais-viver (e foi tarde, posso dizer).
O café tem me feito mal a beça desde que, bom, não sei desde-que-exatamente. Sem cafeína minha mente só acorda pra lá das 10h30. Então: bom dia! Tudo bem. Tenho andado meio devagar nesses últimos tempos. Escorregando dias, pulando outros e lá vou eu, impaciente e sem pressa.
Tenho esperado por não-sei-o-quê. Aquela luz, cara. Sei lá. Aquele compartimento secreto da mente, a mudança no DNA, o fim do mundo. To esperando que um sei-lá-o-quê faça sentido já que essa sala empoeirada demais, clara demais e com-sempre-as-mesmas-pessoas-demais parou de fazer sentido faz um bom tempo.

E se é no dia 14 que tudo realmente muda, que bom que meu setembro começou já no dia 3. Seja mais que bem-vindo, a propósito!

P.S. Bem-vinda semana do show da Alanis!