terça-feira, 4 de setembro de 2012

Fechei os olhos. Só mais um passo a frente. Mais um passo. Só mais um. Assegurei-me de que aquela porta, hoje jazendo em ruínas, havia ficado para trás. Então abri os olhos e abandonei a escuridão. Não. Não encontrei coragem e tampouco voltei minha cabeça ao passado. Sobre as ruínas, apenas me disseram. E eu acreditei. E foi como te observar um segundo mais, desejando sempre mais, mas travar frente as carnes da tua boca, já usada, abusada e, no íntimo, lacerada demais. Não notei os vincos, agora pouco mais profundos. Ignorei todos os sinais da minha falta de tempo. O tempo passara sem tardar um só segundo, sem dó de meu atraso. E passará sempre assim: impiedoso de alguém tão perdido quanto eu. Ah, que falta me fazem os teus olhos. E nem por isso pude vê-los pela última vez. Encarar-te seria, meu bem, assassinar o que, em verdade, nunca teve a oportunidade de existir.

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