quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Alice: Quanto tempo dura o eterno? 
Coelho: As vezes apenas um segundo. 
Eu: Ou menos.



Ela em minha frente e uma certeza: a eternidade pode durar menos de um segundo. Bastou um vislumbre pra despir a alma de tudo aquém a sua presença. Para despir a consciência de qualquer pudor e deixar que as primeiras lágrimas caíssem livres pelo rosto. Para rir, pular, gritar ou apenas observar sem pressa. E, sem noção alguma de tempo, pensar, repensar e trepensar: "Ela existe. Eu não acredito. Ela realmente existe". E então olhar, e olhar um pouco mais, desafiando as minhas próprias noções de realidade e felicidade.

A Alanis, aquela da minha infância, da minha adolescência, dos meus segredos, das minhas crises, minhas lágrimas, meus sorrisos, dos meus momentos de ócio e das minhas noites de solidão. Aquela do cabelo comprido, do olhar sonhador, da expressão de paz. Aquela suave feito anjo e intensa feito o bem e o mal de cada ser.

Aquela que levanta a cabeça a cada nota arrepiantemente aguda e fecha os olhos, e sorri e chora no palco. Aquela da voz doce, que me decifra, que me canta, que me constrói. Aquela que se move como ninguém, que joga os cabelos pra frente, mostra os ombros, a tatuagem e toca gaita como ninguém mais faz. Aquela que acompanha o ritmo de um jeito escandalosamente seu; com cada membro, com cada dedo, com toda a alma. Aquela que sente como ninguém, que vive e revive a cada palavra. Aquela que é a única capaz em soar verdadeira ao dizer "You´re so warm that it feels like home" ou um batido "I love you".

Aquela que termina o show com Thank You, mas não sem antes alcançar aquela nota de Uninvited que ninguém mais no mundo alcança. Aquela que arrepia com a energia de You Oughta Know e derrete a platéia inteira em Hands Clean e Head Over Feat. Aquela que sintetiza a vida em You Learn, sintetiza a dor em Flinch e me traduz em Hand in my Pocket. Aquela que transcreve o imprevisível em Ironic e emociona profundamente em Guardian.

Aquela que canta clássicos da minha geração e músicas que, com toda certeza, ainda se tornarão os clássicos da próxima.

 Ela existe. Agora com quadril - que inédito. No peito, uma gratidão de quem, naquele momento, não desejava mais nada. A certeza de que momentos perfeitos existem e, ainda bem, se tornam lembranças que nada é capaz de apagar.

  

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