quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteira nas coisas que me contas, e assim calada, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és.
- Gosto tanto de você. - Disse-me.
Nada falei. Escritores são seres muito cruéis, estão sempre matando a vida à procura de histórias. Você me ama pelo que me mata. E se faço doer é porque é para você, para você que escrevo — e não entendes nada. Pedi que me fizesses ter coragem de me enfrentar. Que mostrasse como é ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo."

Karla M.

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