quarta-feira, 4 de março de 2009

As vezes eu sinto que preciso escrever. Óbvio que nem por isso eu escrevo. As vezes eu não paro o que eu to fazendo pra sentar e escrever.. outras vezes eu até paro, mas não escrevo absolutamente nada. Precisar é bem diferente de conseguir, mas não deixa de ser um passo.
A tempos que eu quero escrever sobre o fato de Blumenau estar caótica depois que tudo aconteceu e de algum jeito colocar pra fora a minha amargura de perguntar quando essa cidade vai deixar de ser o retrato de uma cidade pós catástrofe. Chove e dá medo. Chove e inunda. Chove e enxe de barro. Chove e fede. Tá virando rotina ouvir gente se perguntando baixinho e com cara de pânico se vai conseguir subir o morro que dá acesso a sua casa depois de mais um pé d´agua. Aliás, são pés d´agua todos os dias. Até eu sinto medo.
Se eu sentisse medo só disso, tava ótimo. Mas eu sinto medo de mim. Sinto medo da minha vida, das minhas escolhas e as vezes até da minha covardia. Sinto medo das minhas reações e as vezes eu sinto medo da falta delas. Eu sinto medo por pensar que talvez agora eu esteja agindo assim diante de tudo que tá acontecendo e de todas as minhas confusões e mais tarde a reação finalmente chegar. Eu ando tão anestesiada que acordo pensando em dormir e já não me pego tendo muitas reações. Eu deixo as pessoas irem, me privo de coisas e companias, me privo de planos, já não procuro agradar demais, não ando me importando muito com meus machucados, já cansei de fingir ser o que eu não sou, tenho dúvidas, tenho até a ameaça de ter que mudar minha vida quase que por completo, to no meu inferno astral e ando assim.. atônita; meio barata tonta. Espero que esse tal de inferno astral seja uma boa explicação. Nem é exatamente ruim, é quase um equilíbrio forçado que você nunca sabe se é equilíbrio ou não afinal.. não sabe se tá equilibrada ou perigosamente desiquilibrada. Se a estrada é larga ou se você tá andando na beirada do precipício e ainda não enxergou.
Eu não fico perto das pessoas pelos motivos normais, eu não me privo de certas coisas pelos motivos normais, eu não me escondo pelos motivos normais, eu não escondo pelos motivos normais, eu nao como pelos motivos normais, eu não durmo pelos motivos normais, eu não rio e nem choro pelos motivos normais, isso quando eu não os faço sem motivo nenhum. Eu não vivo pelos motivos normais, eu não tenho planos normais, aliás, eu não tenho planos, eu não me encaixo nos padrões normais, não uso roupas normais, não aparento muita normalidade, eu não faço escolhas normais, meu julgamento não é normal, minha percepção não é normal, a atração que eu sinto não é normal, o que eu busco não é normal, aliás, não saber o que se busca nos outros, na vida e em si mesmo não é normal. Meu jeito de viver e o jeito que eu to vivendo também hm, não são normais.
Acho que eu já entendi que talvez não ame e viva um relacionamento com a mesma intensidade do que o que eu vivi, mas será que eu ainda vou ser intensa em alguma outra coisa? Não que as pessoas não me importem, que a faculdade, a vida, os amigos, a namorada.. importam; mas não me provocam intensidade. Eu lembro que já tive desejos intensos e vivia sempre na corda bamba.. meu chão estava longe de ser uma estrada sólida. Hoje eu tenho desejos, claro que sim.. mas não morro por nenhum deles. Eu desejo coisas demais, eu desejo pessoas demais, eu desejo tempo demais. Demais demais e demais. Não consigo entender o porque e o porque de conseguir ou não conseguir não me causa nada demais. Perder ou ganhar o que eu quero, por mais que eu ache que queira demais não me faz rir demais, não me faz chorar demais. Não me faz viver demais e não me faz querer morrer demais. Não me faz pular demais e não me faz cair demais. Eu desejo demais mas ao mesmo tempo eu desejo nada, desejo ficar sem pessoa nenhuma ainda que eu deseje pessoas, com coisa nenhuma ainda que eu deseje coisas, com tempo nenhum ainda que eu deseje tempo. Sei que eu não posso ter todos os que eu quero, nem tudo o que eu quero e nem todo o tempo que eu quero. Talvez eu pudesse se me tornasse alguém bem diferente do que eu sou.. mas isso eu não to disposta a fazer. Gosto até de toda essa confusão que me perturba. É bom saber que só eu sou assim e eu sou assim e não do jeito que eu queria ser ou do jeito que queriam que eu fosse. As vezes eu quero só parar no tempo, as vezes eu quero as voltas alucinantes dos ponteiros. Eu sei que eu vivo intensamente - pelo menos para o que me é permitido com meus meros 18 anos de idade e situação completamente dependente e blábláblá -, mas não sinto intensamente. Ai, foda. Não sei nem onde eu quero chegar escrevendo isso. Sei lá se eu to escrevendo por esporte, mas eu tenho inveja de mim mesma quando vejo o que eu escrevia na época intensa da minha vida. Será que daqui a algum tempo eu vou olhar pra trás e sofrer as consequencias do que não é intenso pra mim, hoje em dia, com intensidade? Só Deus sabe né? Isso se Ele souber, afinal. Eu sei que reclamava quando eu era muito intensa.. mas acho que eu quero a minha intensidade de volta.

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