quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Apaga essa luz, por favor.

É esmagador o modo como essas coisas acontecem. Você acorda após um ontem inteiro de coração inquieto com aquela esperança de que, após uma noite escura, o raiar do dia traga um sentimento de folha nova.
Mas, as vezes, a luz simplesmente não dá trégua e permanece ali madrugada a dentro: tornando estupidamente claro tudo aquilo que você implorou para que a escuridão escondesse. E, quando isso acontece, o novo dia nunca chega, mesmo após um contável número de horas razoavelmente bem dormidas.
E é esmagador o jeito que você se sente quando essas coisas acontecem. Ver as esperanças indo por água abaixo é sempre esmagador, mesmo que você saiba que isso, mais cedo ou mais tarde, acontece com qualquer pessoa.
Você acorda tão funda, profunda, profana. E acorda tão clara, e tão largada, e tão confusa, e tão cheia de tudo que até mesmo uma voz qualquer a chamar teu nome se torna um corpo estranho, agressor, avesso ao fluxo.
Fica difícil viver. E aí você lê textos de pessoas que passam horas claras durante as madrugadas escuras e, pelo menos, conseguem se expressar. E fica difícil viver. E sente um nó cego, atado na garganta. E isso esmaga. Esmaga porque, por mais difícil que seja, você não para de viver por nem um segundo. E esmaga porque, por mais difícil que seja, ninguém para de viver por nem um segundo. E tudo muda. E você queima. E esmaga.
E você ouve músicas que esmagam, porque em dias como esse, tudo te esmaga. Trabalhar esmaga, conversar esmaga, pensar esmaga, ser esmaga, existir esmaga, sentir esmaga. E fica difícil viver.
Aprendi a conviver com essa estaca inflamada e enfiada em mim. Com esse coração metade vazio, metade explodindo e sempre metade, nunca inteiro, nunca demais. Aprendi a conviver com as minhas reticências e vírgulas, períodos longos e sem pontos finais. Longos, inflamados, enfiados, mas nunca demais. Nunca é demais, mesmo que eu não aguente mais. E dói, sempre dói.

E como viver em dias assim? Se pelo menos minhas palavras ajudassem.. Vontade de pedir socorro.

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