segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Apneia

Lovesong - Adele

"Te espero, te gosto, te beijo, te amo."


Eu tinha muito pra dizer, mas tudo era silêncio. Como seria bom se você lesse pensamentos. Ou não - pensei. Palavras eu já não tinha nenhuma. Um bocado de tentativas e nenhum som. E não porque era vazio. E não porque era repleto de nada. Ao contrário. Era tão denso e tão completo que se tornou intraduzível. Era tão intenso que pesava, que puxava, que prendia. Você tomou meu vazio com as unhas e os arranhões ficaram latejando e ardendo dentro de mim. É esse o motivo do "eu te amo tanto que dói". Porque você arranha e lateja e ecoa e espalha e se espalha pelo meu corpo e pela minha cama e pela minha alma e pela minha calma a cada vez que eu puxo o ar. E fica difícil respirar. Porque dói imaginar como seria respirar sem você. E chega a ser meio brutal - porque dor é sempre dor. Dói porque você me rasga. Dói porque você é você. Dói porque você podia ser qualquer outra, mas não é. Dói porque orgulho dói, porque medo dói. E dói porque você é brutalmente linda. Dói porque eu te encontrei. E dói porque eu não consigo nem pensar em te perder.