quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O que eu gosto é que mudar de post é mais fácil do que mudar de roupa. Enfim, hoje (que na verdade já é ontem) foi um belo dia. Eu até ia comentar, mas só ia. Melhor reservar as forças pra viver o amanhã (que na verdade já é hoje). Algumas coisas são necessárias, outras, nem tãão necessárias assim.

Não sei se só eu que penso isso, mas eu leio outros blogs e fico indagando como eu tenho a capacidade de redigir linhas e linhas sobre o nada. Uma matéria errante, perfeitamente capaz de realizar uma lavagem cerebral em quem tem alguma coisa de útil incrustada entre um neuronio e outro.

Vai que é por isso essa minha gana por postar coisas que não são de minha lastimável autoria - óbviamente morrendo de inveja da destreza do autor em questão. - Enfim...

O Corpúsculo dos Deuses

Lamento muito, mas o que tenho que dizer a vocês, meus queridos leitores, não é nada fácil. Há anos que vivo o dilema de revelar ou não a realidade cruel e inefável, mas sinto que finalmente chegou o momento. Não há mais porque esconder. É duro, eu sei. Vai doer mais em mim do que em vocês. Preparados? Então aí vai. Um, dois, três e já: vocês não existem. São apenas frutos da minha imaginação. A verdade nua e crua é que há alguns anos descobri que sou uma espécie de deus em fase de construção. Tudo o que há em minha volta não passa de um universo virtual arquitetado apenas para me criar experiências, sensações e sentimentos que me serão úteis no exercício de minha futura divindade.
Não sei bem quando eu descobri toda a armação. Só sei que quando saio de uma sala, as pessoas que estão lá desaparecem. E só aparecem denovo quando eu volto. Já tentei várias vezes enganá-los, sair e voltar rapidinho, mas quem organizou esse troço fez muito bem feito. Nunca consegui surpreendê-los em sua inexistência. Nesse caso quem não é vivo é que sempre aparece.
O que importa é que vocês não são nada. São apenas visões, fac-similes de gente, imagens criadas por uma inteligência superior, da qual em breve eu farei parte. São espectros ambulantes. Personagens coadjuvantes de uma história não contada. São menos que pó. Washington, desculpe, mas você não existe. Julio Ribeiro, mil perdões. Nizan, sorry. Marcelo Serpa, é uma pena, você até parece ser um cara legal, mas na verdade é apenas um cara virtual. Lamentavelmente nem meu ídolo Bill Bernbach existiu de fato. Esses e outros grandes nomes da propaganda só apareceram na minha vida pra me testar, me colocar parâmetros, serem minhas referências, estimular a minha criatividade e instinto de competitividade. Mas, até agora, só conseguiram é me causar uma inveja braba. E se esses monstros sagrados - alguns mais monstros que sagrados - não existem, imagine todos os outros que em seu egocentrismo desmedido pensam que são o centro do universo. Lamento dizer, amigos, mas se existe um centro nessa porcaria toda, este sou eu.
Tudo isso explica de uma maneira coerente as dificuldades. No fundo quanto pior for a minha vida, melhor o aprendizado. Por exemplo, eu jamais ganhei um prêmio importante. Antes de descobrir que seria um todo-poderoso eu me sentia inferior, infeliz, incapaz e frustrado. Mas agora não. Agora eu sei o que de fato ocorre, o que está por trás de tudo.
Não que eu não seja capaz de criar grandes peças, longe disso. Falhando ininterruptamente eu aprendo que as coisas não são fáceis, que eu não posso ficar me achando grande coisa e que um leão de Cannes não é a coisa mais importante do mundo. Bem, até agora não deu muito certo, porque eu continuo achando que as coisas tem que ser fáceis, que eu sou grande coisa e um leão de Cannes é tudo na vida.
Fora isso uma grande vantagem é que todos os meus problemas, culpas, desilusões e até minha depressão são imaginárias. A caixa de Prozac que eu tomo todo mês é imaginária. E o psiquiatra que me atende também. Só espero que a grana preta que eu gasto com toda essa bobagem também seja absolutamente imaginária.
As pessoas para quem eu conto tudo isso pensam que eu estou brincando, que publicitário sempre se acha um deus ou que tudo não passa de piada ou devaneio de um egocêntrico. Pobres e detestáveis criaturas. Nem existem e acham que podem me julgar. E você? Pensa que é fácil ser um deus? Pensa que é fácil saber que nada existe à sua volta e que tudo não passa de um simulacro macabro? De um exército de sombras inanimadas? De um enxurrada de títetes holográficos? Eu me sinto sozinho, puxa vida.
Falando em solidão, a minha decantada e propalada falta de sorte com as mulheres também é pura fantasia. Na verdade elas me amam, me idolatram, lambem o chão que eu piso, tentam segurar em seus pulmões o ar que eu respirei. Apenas são impedidas de demonstrar por uma poderosa força invisível. Forças ocultas, diria outro. Não seria bom pra mim se eu conseguisse conquistar quem eu quisesse. Me acharia um deus grego. Porém, o meu destino é me tornar apenas um deus. E não necessariamente grego.
A minha aparência física também é um desafio a ser enfrentado. Se eu fosse cabeludo, magro e bonito eu acabaria me tornando narcisista, me preocupando demais com o lado de fora. E como vocês devem saber, o importante é o que a gente tem por dentro, apesar de vocês não terem nem dentro e nem fora.
Bem, espero sinceramente que vocês não tenham ficado tristes nem se ofendido com o que tive de dizer aqui. Não é nada pessoal. É a vida. A minha, é claro. Mas no fundo, no fundo, gosto demais de vocês. Respeito e admiro de verdade o que vocês fazem por mim. Muito obrigada e continuem assim. Vocês são realmente bárbaros, são demais, fantásticos. Ah, gente, vocês não existem!

Henrique Szklo (e nem tente pronunciar o sobrenome.)



Tuuuudo a ver com a minha futura profissão, a profundidade do meu raciocínio madrugada a dentro, a saudade da facul e a complexa filosofia que eu adotei pra minha vida nesses últimos tempos. - Espero que não piore com a maior idade... Maaal aí, eu TINHA que dizer isso. - Não é que os 18 estão finalmente chegando?

É, eu teria muitas inutilidades mais pra postar, mas vou é dormir (e sem o caderninho por perto). To pra me ver conseguindo escrever sobre um milésimo do que passa pela minha cabeça. Só eu que não consigo?! See ya guys. Umkiss.

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