terça-feira, 23 de abril de 2013

Sinto a gravidade um pouco fora do lugar. Escrevo prosa, ainda que presa. Mesmo a densa fumaça cinzenta percorrendo meus pulmões não foi capaz de aliviar o peso do mundo em minhas costas. A meia-luz desse final de tarde soa melodramática, um tributo às tênues nuances da vida real, aos tons de se estar vivo e pulsante.

Tive um sonho ruim e tenho pensado muito em você. E junto eu sinto a gravidade se deslocando sem permissão, se posicionando e pressionando e esmagando toda a fragilidade nua que há pouco descobri em mim. Queria te dizer que faz falta a tua estrutura pequena-e-doce-e-frágil-e-encantadora-e-apaixonante abrigada em mim. Que o teu perfume afeta meu estômago e meu peito, deixando um sabor lento, intenso e todo dono de um deleite agridoce.

Era para você ter ficado por mais tempo. Para ter me abraçado mais uma vez. Um desses que se intensifica no meio do caminho, meio urgente pra que o tempo não teime em se acabar tão rápido ou ainda pior, em passar devagar e se revelar suspeito. Quis te dizer que a noite não devia acabar sem que eu pudesse cruzar de novo com o teu olhar perdido em mim por um instante, te sentindo mais pulsante.

"Fica mais, não vai com ela". E não fica triste assim. Aqui tem alguém entregue ao teu sorriso. Fica aqui do lado, deixa que eu te faço bem. Esquece de tudo que não pode ser esquecido só agora e vem dançar. Olha para mim mais uma vez e entende que em silêncio eu te peço pra ficar. Por favor, não vai agora. Assim que você cruzar por aquela porta eu vou sentir a tua falta e a falta desse universo que você me apresentou - esse em que eu me encontrei viva, querendo me encaixar."

Fevereiro de 2013.

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