quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

#DayLight

Tudo aquilo em que ponho afeto fica mais rico e me devora.
Rainer Rilke



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Eu me peguei presa na tua. Acordei emaranhada e meio lanhada pela ressaca e pela intensidade suja de desejo e de areia da noite anterior. E foi uma droga porque não era pra ser assim. Eu não queria ter me sentido tão em paz do teu lado. Queria era ficar livre daquela gana de te querer.

Eu sou arisca, sou bicho do mato. Te disse isso? Eu te disse tanta coisa. Será que eu deveria ter dito alguma coisa diferente, aliás? Enfim. Eu nunca aprendi a lidar com esse tal de "querer". E quando eu quero, o que eu quero mesmo é ter logo de uma vez, porque só o ter é capaz de cortar o meu querer pela raiz. Não me leva a mal não, por favor, mas é o que quase sempre acontece comigo. Eu perco o interesse depois de conseguir o que eu quero. Só assim eu fico tranquila. Só assim eu durmo em paz. E agora me peguei com insônia, remoendo porque ouvi dizer que o mesmo acontece com você. Que porra.

Eu precisava arriscar porque a minha sina de você tava tão forte que eu já tinha gastado até a minha última gota de paciência na tentativa de te deixar pra lá. Tive que apostar todas as fichas e aceitar o teu maldito convite inusitado, tudo graças ao quase desespero de viver o que fosse pra te tirar de uma vez por todas da minha mente. Tinha virado uma daquelas urgências como poucas na vida, sabe?

Já diria aquele-cara-que-a-gente-gosta-quando-canta-mesmo-que-eu-tenha-gostado-muito-mais-dessa-música-na-tua-voz. "Uma vez só em toda a minha vida, ou talvez duas, mas não mais que três". O foda é que agora eu parei na parte do "Só você. Hoje elejo e elogio só você". Parei. Mesmo. Mesmo sendo esse bicho do mato que nunca aprendeu o significado paciência. Justo eu que achei que nunca mais encontraria alguém que tomasse conta dos meus pensamentos e me deixasse com pose de menina indefesa a espera de um milagre, ou pior, de uma ligação.

Não faço a mínima ideia de qual é a tua, mas ah, eu queria quis viceralmente que fosse eu.

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