terça-feira, 29 de outubro de 2013

Do que guardei

Tudo isso é pra ti, que da minha vida lentamente se esvai
Deixando em outras peles o aroma de amora que me pertencera outrora.
Tu, assim selvagem e mestiça, que languidamente se vai
Depositando em outras bocas a saliva que dentro ainda me devora.

Fostes minha mãe, minha filha e meu pai
Marcando no peito o apreço daquele começo que não mais atrai.
Na carne, cravada a sentença de um algoz hostil
Um dia, bem sei, vitimado por meu prazer egoísta e vil.

Juro que não lhe escrevo para retomar o posto
Talhado em marcas de desgosto, teu rosto.
Escrevo para lhe contar que foram tuas todas as minhas poesias
Pelo que de belo eu ainda trago e não te dei
Tu, a mais bela das mestiças que um dia já amei.

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