sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

See ya, ano velho



São pouco mais de duas da manhã. Até aí tudo bem, exceto pelo fato que amanhã eu preciso levantar as oito. Bom, depois de pular da cama só para isso, que se dane, eu preciso escrever.

Estranhei que o Natal já passou, o que significa que já é quase ano-novo, de novo, e eu ainda não tive nenhuma crise de "meu Deus, eu preciso escrever" até então. Sou pontual com pouquíssimas coisas na vida, mas essa é uma das poucas que gosto de pensar que faz parte do meu "reloginho interno".

Esses últimos dias tem passado estranhamente devagar esse ano. Eles tem sido uma poderosa e inédita fase de contemplação. Isso deve ser normal, afinal, não é todo o final de ano que eu decido vender tudo que tenho e me jogar na estrada sem muitos planos, sem muito dinheiro, sem lenço e, basicamente, só com os documentos.

Aceitei o conselho de uma amiga, eu acho. Alguém que sei que tem por mim um apreço imenso e que prezava como poucos a minha presença diária e constante. Que me disse meio sem saída, meio se despedindo, meio aconselhando, meio se acostumando com o inevitável: Voa, passarinho. Abre as asas que esse mundo é teu.

Não sei para quê, cara. Não sei mesmo. Mas eu simplesmente sinto que preciso. Que o mundo tá me chamado agora, pra já, pra ontem. Não deve ser tanta loucura assim. Nós sobrevivemos ao fim do mundo, o que pode ser mais insano que isso?

Sempre concordei com o célebre ditado de que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Tirando minhas aspirinas, sinto que hoje a minha loucura anda muito mais aparente. Isso, ironicamente , pareceria péssimo pra mim há algum tempo atrás. Mas não hoje. Não mais.

Esse ano foi louco. Até pouco mais de um ano atrás, eu nunca me imaginei casada. Quanto mais casada com 22 anos de idade. Apesar de nunca ter imaginado, no início do ano lá estava eu vestindo uma camisa com letras cavalares: Fuck the system.  E eu fui, passos firmes, sem olhar pro lado ou pra trás. Fuck the system, fuck the system, fuck the system.

E daí eu me formei e saí dos únicos lugares onde eu realmente me sentia uma parte integrante: a faculdade e, é claro, a casa dos meus pais. E meus pais voaram também. Sei lá, deve ser genético.

 E eu cantei em público, conheci a Praia do Rosa, fui no show da Alanis, assinei uma campanha da Oktober, adotei um siamês de meia tigela freak-out que pensa que é um cachorro. Eu casei. Eu me abri, como nunca antes. Me abri pra alguém, me abri pra mim mesma.

Sinto que hoje eu ando mais firme pela rua. Sinto que eu me conheço melhor. Eu acho que devo pedir perdão aos bons amigos, porque eu me afastei um pouco de todos pra chegar mais perto de mim. Não sei se esse foi um ano onde eu evoluí como ser humano, mas sei que concretizei meu conceito sobre adultos: esquece, você NUNCA vai acordar num "amanhã qualquer", olhar pra si mesma e pensar: Ó, hoje é o dia de viver; hoje eu acordei adulta."

O que me sobra de incerteza em relação a grandes evoluções interiores, me sobra em certezas sobre grandes revoluções interiores. Nesse ano eu aprendi muito sobre mim. Finalmente me tornei mais consciente, e, porque não dizer, menos algoz das minhas sombras. Elas deixaram de pesar. Ou, pelo menos, se tornaram mais suportáveis. Aquela história de que ninguém é perfeito e não sou eu que preciso ser finalmente deixou de ser balela e passou a fazer sentido. Ênfase no finalmente.

Aprendi a ser mais benevolente. A precisar mais da minha própria aprovação do que da aprovação de terceiros. A julgar menos. A me julgar menos e a acreditar mais. Porque eu finalmente aprendi que acreditar é tudo que eu preciso pra mudar o mundo, o meu. E assim eu tenho vivido mais leve, mais feliz. Aprendi a meditar um pouco. Aprendi a gostar de academia. Aprendi sobre o meu corpo, sobre como me manter mais saudável. Aprendi a gostar mais de mim. Aprendi sobre finais e sobre começos. Meu Deus, como finais eram dolorosos pra mim. Aprendi muito sobre o poder do amor e finalmente entendi a diferença entre estar alegre e ser feliz. É uma puta diferença que fica pra lá de cabulosa quando sai da teoria e passa a ser vivenciada na prática. É uma diferença que abre portas, amplia horizontes.

Esse ano foi marcado por obstáculos, por muitos finais e muitos começos. Por uma nova fase, que puxa uma outra nova fase, agora mais prestes do que nunca a começar.

Que venha o Reveillon porque eu quero brindar. Que venha um novo ano, uma nova vida, uma nova era porque eu to pronta. Eu continuo sonhadora, mas eu to acordada, to consciente e to viva. Mais viva do que nunca.

Um feliz ano novo pra mim. Um feliz ano novo pra todos. E, é claro, um muito-mais-que-feliz-ano-novo pra você também, meu amor.

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