terça-feira, 27 de novembro de 2012

O amor é longe.


O amor o deixou. Notei de pronto.

Nos encontramos por acaso. Ele lia no banco e eu corria. Sem compromissos, a vida ia. E enquanto um dia qualquer se esvaia, a lua nascia e eu corria - sem saber se por mim ou de mim - ele lia e, naquele instante, meio que sorria.

O jornal dele era de ontem, o meu pensamento já não sei. Num encontro marcado pelo acaso, falamos sobre aquele caso estampado na manchete do jornal dormido. Sorte a minha. O jornal de hoje eu vira pouco mais cedo e bem sabia que não rendia assunto, era futebol.

Conversamos tão somente porque eu sabia que o amor o era longe. Não pude evitar. Nota-se uma coisa dessas pelas rincas doloridas que, não tão gentilmente quanto deveriam ser com aquele senhor, fazem morada nos arredores da boca. Aquelas rincas que se intensificam quão logo um sorriso se ensaia. Não pude evitar.

É, menina... - Disse ele. Sem mais. Senti que nunca mais o esqueceria, pura e simplesmente porque o amor o era longe.

Eis aí uma dor que fascina: a contradição de desamar e continuar vivendo.

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