quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Uma Passante – Charles Baudelaire

 A rua, em torno, era ensurdecedora vaia
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
 Erguendo e balançando a barra alva da saia.

 Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina
Eu bebia, como um basbaque extravagante
No tempestuoso céu do seu olhar distante
A doçura que encanta e o prazer que assassina

Brilho… e a noite depois! – Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! Tarde demais! Nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

Nenhum comentário:

Postar um comentário