quarta-feira, 6 de junho de 2012

Senti o cheiro da chuva. Uma névoa densa se deslocava pelo céu e, pouco a pouco, invadia a o apartamento pela sacada. Na prateleira, uma pilha perfeitamente organizada de seis títulos lidos pela metade. Nunca fui organizada com nada, exceto meus livros. A lâmpada da sala estava queimada há um perder de vista de dias e aquele breu típico de final de tarde invernal tomava conta da pequena peça. Muito tarde para ler. Meus olhos, já surrados pelos anos de profissão, necessitariam de mais luz. Me joguei no sofá de couro marrom e observei o infinito cinzento. O dia parecia não ter amanhecido. Cantarolei uma música qualquer  enquanto sentia as gotas finas e geladas caindo cada vez mais velozes em minha testa. De olhos fechados, deixei que a água seguisse seu curso, deixando os rastros de seus caminhos tortuosos em minha pele. O barulho da chuva parecia cada vez mais distante de mim. Mais distante de mim. Mais distante.

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