quarta-feira, 18 de abril de 2012

#Vinte e tantos anos

"Ela é chamada de ‘crise de um quarto de vida’. Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que era há alguns anos atrás. Se dá conta de que é cada vez mais difícil arrumar tempo para encontrá-los e para cuidar de todo o resto: trabalho, estudo, namoro, etc. Você desfruta cada vez da tal "cervejinha" que, na verdade, vira apenas uma desculpa para conversar um pouco.

As multidões já não são mais ‘tão divertidas’ e as vezes chegam a incomodar. Você estranha a falta do bem-bom da escola, dos grupos, de socializar com as mesmas pessoas de forma constante e começa a se dar conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.

Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que talvez esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas que conheceu e que pessoas com as quais você perdeu contato são, no fim das contas, os amigos mais importantes.

Você ri com mais vontade e chora com menos lágrimas e mais dor. Alguém parte seu coração e você se pergunta como uma pessoa que você amou tanto pôde lhe fazer tanto mal. Ou, talvez, a noite você se lembre e se pergunte por que não pode conhecer alguém suficientemente interessante que queira realmente te conhecer melhor.

Parece que todos já estão namorando há anos e alguns começam a casar. Talvez você também realmente ame alguém, mas ainda não tenha certeza se está preparada para se comprometer pelo resto da vida ou talvez você já tenha certeza absoluta.

Os rolês e encontros de uma noite começam a parecer baratos e ficar bêbada começa a parecer realmente estúpido. A preguiça já bate só de pensar em sair três vezes por final de semana e isso, além de tudo, significa um investimento gigantesco para o seu pequeno salário.

Você olha para o seu trabalho e talvez não esteja nem perto da onde imaginava que estaria. Ou, talvez, você esteja procurando algum trabalho e saiba que começar de baixo é algo que dá medo.

Você trata de começar a entender quem você é e o que quer (ou ao menos passa a entender o que você não quer). Suas opiniões se tornam mais fortes. Você observa o que os outros estão fazendo e acaba julgando um pouco mais do que o normal. Não por mal, mas porque de repente você adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é.

Às vezes você se sente genial e invencível, outras apenas com medo e confusa. As vezes você resolve relembrar e reviver o passado, mas se dá conta de que o passado se distancia cada dia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando.

Você se preocupa com o futuro, com o dinheiro, com construir uma vida mas, enquanto ganhar a carreira seria algo realmente grandioso, ganhar o mundo lhe parece igualmente sedutor.


O que talvez você não se dê conta é que todos os que leem esse texto se identificam com ele. Todos os que têm ‘vinte e tantos’ gostariam  algumas vezes de voltar aos seus 15 ou 16. Os ‘vinte e tantos’ parecem ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça. Ainda assim, dizem por aí que essa é a melhor época da vida e que não podemos deixar de aproveitá-la por medo. Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro.

Se ontem tínhamos 16, amanhã teremos 30? Assim tão rápido?"

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