segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Sobre o ano velho

"Me sinto em casa em qualquer lugar
Mas sou turista em todos
Sou viajante em qualquer lugar
Sou uma parte do todo."


350 e poucos dias depois, já dá pra chamar 2011 de "ano velho" com gosto, né? É. Mais um ano chega ao fim. 350 e poucos dias depois e, bom, nem parece. Depois de dezenas de cartões, anúncios, e-mails, lembretes, bilhetinhos e códigos de Natal, Ano-Novo, Boas Festas e o escambau, lá vamos nós de novo.
Ninguém vai ganhar cartão. Nisso que dá conviver com uma redatora publicitária. "Feliz Natal e um Próspero Ano-Novo" só se for pra você. Brincadeirinha, claro. Esse ano eu to, inclusive, superando boa parte do meu trauma de Natal. Fato é que eu quase não tenho mais o que falar sobre o assunto. Pra falar a verdade, o reveillon de 2011 ainda parece que foi ontem. Como pode um ano passar tão rápido e não deixar nada nada nada nadinha em seu antigo lugar? Nem meus sonhos e planos ficaram onde estavam. Nem sombra, nem sobra. 2011 tirou tudo do eixo. Desafiou, fez rir, chorar, duvidar, acreditar, aceitar, errar, acertar, magoar, perdoar, mudar, evoluir, aprender. Principalmente aprender.
Não pediria a ninguém pra entender do que eu to falando. Não pediria nem pra tentar. Eu não vou tentar fingir que agora eu sou perfeita, aliás, bem longe disso. Mas agora já lido bem melhor com minhas imperfeições. Aprendi que todos os meus erros e atitudes tortas têm muito de tudo o que eu sou. Tem muito de alguém que faz tudo da melhor forma possível, até então. Já diria uma pessoa especial que eu acabo sendo verdadeira mesmo quando minto. Que sou tão pateticamente imperfeita e transparente que é justamente isso que me torna interessante. Que é justamente isso que acaba fascinando aqueles que têm sede de vida. Quem também leva seus tombos por aí, mas não aceita anestesia. O que fascina é ser humana. Ser feita de sangue, de pele, de coração. Ser feita do que anda raro de se ver hoje em dia. Feita de vida, de olhos sedentos, atentos. Feita da audácia de sonhar alto, infinito e nem ligar. Feita do desejo pelo mundo. Feita do mundo inteiro. Feita de tudo e de todos. Feita da fome de ser e ser sempre mais, sem limites, sem pudores. Feito santa, feito puta. Feita de gargalhadas e feridas, felicidade extrema e choros compulsivos. Tudo sem meio termo. Tudo intenso e eterno, ainda que pelos próximos 15 minutos.
Quem me conhece sabe que calmaria não é pra mim. Sabe que é por trás da leveza dos meus gestos, da doçura da minha voz e da paz do meu sorriso que mora um verdadeiro furacão. Quem conhece sabe que nada é de plástico. Que de uma forma meio torta, tudo se equilibra no final. Tudo bem, eu imagino que a bonança seja realmente muito chata.
Em 2011 eu tive que ser forte. Muito forte. Convenhamos, não é fácil descobrir tantas coisas sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre a vida e sobre você mesma. Sobre você mesma é, de longe, o mais difícil. Em 2011 eu tive que escolher entre o mundo ou o medo. Desafiar meus limites, acreditar em mim mesma. Em 2011 eu tive que continuar sustentando um sorriso doído e baseado apenas na esperança de dias melhores. Na esperança de mais horas pra dormir, mais tempo pra cuidar de mim, mais tempo pra pensar, tempo pra cuidar de quem anda ao meu lado. Não é fácil ter paciência consigo mesma e com o calendário. Não é fácil lidar com a bagunça, com as dúvidas, com o caos. Não é fácil encerrar ciclos e eu tenho sorte de gostar tanto de mudanças. Tenho sorte de gostar do incerto, do frio na barriga: é justamente isso que esse momento significa pra mim. Tudo novo, de novo.
O mundo pela frente e agora um tempo pra colocar tudo em seu devido lugar. Tempo pra dormir, pra organizar as gavetas de casa, da alma e do coração. Tempo pra mim, pra família, pros amigos, pro amor.
2011 bagunçou tudo e ainda andam dizendo por aí que é 2012 que vai ser cabalístico. Sinceramente? Eu acho que vai mesmo. Aposto todas as minhas fichas nisso. Oras, o ano mal começou e eu já to providenciando tudinho pra que seja. Vai.. Eu não sei (e nem quero) que seja de outro jeito.

Aquele bordão "ano novo, vida nova" nunca fez tanto sentido pra mim.