sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu passei 40 minutos no telefone. E ainda com esse vazio que me faz querer dormir eternamente, fugir; eu queria muito estar perto e não consigo nem pensar em pregar o olho. Não consigo parar de escrever. O vazio me faz lembrar de Maria Mena e das músicas antigas da Avril; me faz carregar esses vídeos no youtube e ouvir/sentido por horas.
Não sei de onde vem tantas palavras, tantas ondas de repetição e tantas batidas na mesma tecla. Em uma das noites passadas, uma daquelas parecidas com hoje, eu resolvi me contar a história de nós duas. Não contei caracteres. Não medi o tempo, mas ainda era começo e eu já tinha contado muita coisa. Ainda era começo quando eu adormeci. Sei que a nossa história não passou de um começo. Aliás, agora eu acho que tudo que aconteceu depois do "começo" faz parte da nossa história, até hoje. Não acho que a nossa história acabou, sei ão acabou enquanto pulsar dentro de mim.
Acho que viver uma paixão é a melhor coisa da vida - e a pior também. Eu perguntei a uma amiga se algum dia eu vou viver uma paixão bem sucedida de novo. Eu não sei, as vezes acho que queria ter a capacidade de mandar tudo mais pro inferno e me jogar nisso tudo, viver e deixar acontecer essa coisa que fica estancada dentro de mim e eu não sei como tirar se não for vivendo; mas só as vezes. Outras vezes eu acho que de fato eu tenho essa capacidade, só quero esconder ela de mim mesma pra ter uma desculpa que me segure de mim mesma; mas também é só as vezes. Outras vezes eu me desespero por achar que vai ficar ali parado sempre, ou até que eu escolha um caminho - óbvio que eu não sei pra onde eu to indo, não sei pra onde eu vou, sei pra onde devo querer ir e quero ir pro lado oposto; mas isso também é só as vezes.
Se parar pra pensar por mais de dois segundos, eu me lembro de toda a história - que teve um longo começo e um resto tão ou mais longo ainda - e vejo o quanto a nossa vida já foi pra frente, tão pra frente que não me imagino mais voltando até aquele ponto do começo.
Não tem a ver com sentimento. Por sentir eu beijaria aquela boca infinito, ou enquanto eu sentisse. Mas por pensar em abrir os olhos logo depois do beijo, eu sei que aquele beijo não faria o menor sentido e, na melhor das hipóteses, me botaria em parafuso (ok, outro tipo de parafuso, já que, é só olhar pra mim agora.)
Sei que se não der certo, quem diz um sim pode a qualquer hora dizer um não, mas o quanto um não pode doer? E a dúvida de como teria sido que fica quando se diz não, com o coração querendo dizer sim, dói quanto? É por isso que eu to tentando me convencer como uma louca que essa possibilidade do sim não existe.

Nem sei o que ela pensa. Uma interrogação enorme, é isso que ela é. E acho que é por isso que me interessa tanto e que me parece tão urgente ter o poder de ler mentes por alguns instantes.
Queria conseguir não encanar. Curtir, deixar a boca tocar, o coração disparar, o corpo tremer, estremecer, a pele arrepiar e não esperar nada; mas essa não sou eu. Não sei gostar sem sonhar. Não sei gostar sem pensar no futuro.
Não sei ser eu, com ela. Não sei quem eu sou, quando to perto dela. Não sei impressionar e não faço a mínima ideia do que fazer pra alguém gostar de mim. Por falar nisso, eu sou justamente o oposto da menina que tava com ela. Não sou engraçada, não sou lá muito espirituosa, não falo muito, não sou o centro das conversas e não sou eu quem chega e agita o ambiente. Eu sou calma e doce. Muito mais pra brisa do que pra vendaval. Mais pra silêncio do que pra barulho. Eu sei gritar, mas o usual é a minha presença deixar tudo como está e, eu, muitas vezes não saber o que falar e optar pelo silêncio; que na maior parte do tempo não me incomoda.
Quando eu to perto dela, incomoda. Me pego pensando em como é impossível fazer ela gostar de mim enquanto eu fico silêncio. Como se houvesse algo a se fazer, afinal. Coisa idiota. Definitivamente não acredito em "conquistar alguém". Não saberia ser do jeito que alguém gosta, se esse jeito não for o meu. Não sei mover o mundo, planejar cada ação pra parecer legal, inteligente, misteriosa, interessante e tudo o que me convir. Sou de pele, de toque, de cheiro, de aura, de energia, de silêncio, de falta de explicação e de temperatura. Gosto sem a menor explicação, gosto sem qualidades. Normalmente, inclusive, eu gosto de imediato, gosto "a primeira vista". Se for pra gostarem de mim, que gostem assim, gostem pelo que eu sou, pelo que julgam que eu seja, ou gostem por esse "nada" misterioso também.
Confesso que eu quero paixão, sim. Já roi todas as minhas unhas. O morno ainda não me interessa. E o equilibrio é morno, equilibrio não é paixão. Ainda não consigo conceber o "desperdiçar uma paixão", deixar ela ir, deixar passar. Sei que deveria. Sei três vezes. Mas é tão raro alguém que disperta tudo isso, toda essa intensidade, toda essa vida. Alguém que me domina como ela e que tem tanto poder sobre mim. Como fazer pra querer realmente deixar isso passar quando é justamente viver isso o que se quer? Quando o que se quer é expor as feridas, balançar tudo, botar lenha na fogueira, procurar, brincar com o fogo, sentir sem limites e continuar testando os limites.. Que se chame como quiser. Saber que não é a pessoa certa, que não daria certo e que tá tudo errado não muda a vontade de que desse certo. Como fazer pra me manter aqui parada, ficar longe como "deveria", se o fantasma da dúvida do "e se eu tivesse me jogado de cabeça nessa loucura..." me persegue? O que dói menos? O que demora mais pra passar? O que vai me atormentar menos e por menos tempo? Sei que enquanto me sentir em Stand by, com algo pendente, essa COISA dentro de mim (chame de paixão, angústia, vazio, o que for) não tá dando sinal algum de que vai mudar.
Queria, na verdade, achar um jeito de fazer eu ficar bem com relação a isso, porque desse jeito, claramente não tá dando certo. E enquanto o tempo passa devagar, eu finjo ter paciência e tento me convencer de que eu nem queria mesmo.. Que eu nunca quis e nem quero tanto assim, afinal (e, dizem as línguas por aí, que até o meu olhar denuncia o contrário).
Queria achar um jeito de me convencer de que, se eu fizer, eu não vou me arrepender depois, não vou me quebrar. Tenho medo de me quebrar; só não sei até que ponto eu to inteira, mas, pelo tamanho do medo, devo estar mais inteira do que eu imagino. Só quem tem o que perder, tem medo de arriscar.

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