quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Nunca tinhamos nos encontrado. Não sei nem como é possível, uma vez que a pelo menos 3 meses estamos sempre andando pelos mesmos corredores. Ontem era um dia como hoje, talvez como antes de ontem, ou como algum dos dias de semana passada.
Eu andava contemplando o nada, em direção a lugar nenhum. Ou, pelo menos, assim era com meus pensamentos. Cruzei com ela e nem a vi; não faria diferença.
Foi quando todos os corpos dentro daquele cubiculo - apertado e quente - saíram da inércia e passaram a subir sem sair do lugar, que eu despertei. Elevadores me dão agonia, desde sempre.
Acordei sem ter dormido. Sentia o sono latejar em meus olhos não tão grandes - isso pra não dizer pequenos. Foi naquele instante, perdido em algum dia como outro qualquer. Ela olhou pro lado por instinto. Aqueles olhos azuis fitaram os meus. Foi como um choque.
Aqueles eram olhos de oceano; tão inocentes, pulsantes e nervosos quanto podiam ser. O contato daqueles olhos com a névoa que tomava minha alma foi sustentado por alguma meia dúzia de segundos, ou algo assim.
E foi naquele choque, estranho e intenso, que eu senti a minha alma exposta aos olhos de uma estranha qualquer, em algum instante que parou, pairou e se perdeu num tempo sem fim.
Minha alma já não era igual. Meus segredos já não eram mais secretos, minha solidão
ganhara duas testemunhas azuis e silenciosas, duas companhias. A névoa se fora, levada por aquele oceano para algum lugar que não sei onde. As portas se abriram. Eu nem tive tempo de agradecer. A escuridão da noite já se fazia ver. Lá ia eu.

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