segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E essa abstinência uma hora vai passar.

Mudou, muito. Nossa, muito, mesmo. Já não quero insistir. Já cansei de tentar, já cansei de ficar perto. Já não pretendo mais tentar fazer a diferença ou te fazer sentir a minha presença. Passam vinte minutos e já não tenho uma vontade incontrolável de responder. Teu silêncio e tua ausência já não me surpreendem mais e quase já não me incomodam. Chego quase a agradecer por eles. A forma que eu tenho ao meu alcance pra que seja diferente, acaba me desgastando e me machucando ainda mais, afinal. Tenho, pra dizer a verdade, um desânimo e uma frustração vazia de te ver ali, tão longe e tão sem volta.
Eu sei que existe aquela possibilidade de ver tudo mudar, de novo, mas eu já não quero mais. Não que eu não sinta, bem pelo contrário. Mas já não consigo querer que seja diferente. Já doeu demais, já machucou demais; é, já.. só já. Já me esvaziou, já me esvaiu. Me levou pra algum lugar que eu nem sei onde. Já perdeu o que me fazia feliz, ou jogou em alguma esquina por aí. Já evitou e já fez questão de não permitir se importar. Já conseguiu, já se sente exatamente como eu - que já vejo tudo e já não quero mudar. Já acostumei. Já acabou, já me derrubou e eu já to começando a me levantar.
Talvez eu devesse ter acreditado em ti antes, afinal. Hoje a mágoa me mostra que não me faz bem e que não sobrou nada de bom. Eu já nem quero correr disso tudo, deixa assim, pra quê mudar? Já vejo que não perdi nada. Não há como perder o que nunca se teve. Perdi uma vontade, no máximo.
Posso passar e te cumprimentar desanimada, te ver e não olhar a segunda vez, ouvir tua voz e não prestar atenção. Andar na direção oposta quando eu te ver, frequentar outros lugares e conversar com outras pessoas. Posso não me importar mais com os teus casos, com teus momentos e com as tuas pendências. Posso não me importar mais com onde e como você tá e para onde você vai. Posso não estar mais ali pra te ajudar e te entender ainda que não digas uma só palavra. Posso não buscar mais o teu corpo e nem nada do que é teu.
Cidades, como as pessoas ocasionais e os apartamentos alugados, foram feitas para serem abandonadas. Pessoas ocasionais nunca fizeram sentido em minha vida. Já vejo que não perdi nada. Perdi o vazio. Não perdi a tua presença ou o teu sentimento, porque esses eu nunca tive; porque esses, sempre teves o cuidado de recolher junto com toda a distância gelada de te ver virando as costas. Já não quero mais.
Já gritei em silêncio e já quis chamar tua atenção. Já fiz músicas lindas e rabisquei versos no caderno. Já falei de sentimento e já desisti deles. Já quis ser tua mãe, tua irmã, tua amiga, tua protetora, tua flor, tua linda, teu amor e tua protegida. Já aceitei passar por cima do meu orgulho e já estive do seu lado silenciosa e incondicionalmente. Já zelei pelo teu sono, te admirei por horas e quis te dar todo o carinho desse mundo. Já decorei o ritmo da tua respiração, as tuas expressões, teus jeitos de sorrir, tuas manias que pros outros passam despercebidas, já quis te mostrar o quanto me importo, já te olhei a cada 5 minutos pro caso de encontrar o teu olhar, já quis te encontrar por acaso, quis te encontrar de propósito, quis te fazer feliz, te proteger, te ligar só pra dizer que pensei em você. Eu já senti uma saudade inexplicável e já passei meses logo ali, pro caso de você precisar. Já quis deixar de te querer, mas nunca consegui.
Já quis te sentir por perto, mesmo que fosse só por ficar perto. E já cansei de tentar entender porque você insiste em nunca me procurar, nunca me buscar, me esperar e em nunca tomar alguma iniciativa pra mostrar que se importa - como se não fosse meio óbvio, afinal. Já quis entender porque eu acabava me sentindo uma estranha, um incômodo. Já quis não entender, mas pode acreditar que agora já nem quero mais. Agora eu já não quero mais.
Agora, quem sabe eu posso até fazer falta, ou talvez você nem perceba - porque a minha presença ao teu redor sempre foi quase silenciosa. Tanto faz, vai. Já não quero mais me importar. Já não quero mais mudar tudo isso e hoje eu vejo que, afinal, quem perdeu muita coisa - ou, alguma coisa - no final das contas não fui eu. Eu estava ali o tempo todo e só você não viu. Ainda bem que nem tudo que você perde, você sente falta. Agora eu quero mesmo deixar assim, deixar que o tempo dê jeito. Eu quis que você tivesse visto, que tivesse se importado, que tivesse sentido, que tivesse permitido, que tivesse vindo antes.. nem precisava avisar. Agora eu já fico a vontade com o teu silêncio e a tua ausência que, por enquanto, insiste em me fazer companhia. Agora eu já não quero mais. Só por hoje não quero mais te ver, só por hoje não vou tomar minha dose de você, cansei...



Flake - Jack Johnson. Boa noite! ;*~

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