quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não sei mais onde você mora, que horas acorda, em que ruas anda. Não sei mais quais são as estações de metro e as linhas de onibus que fazem parte do teu trajeto. Não sei nem se você ainda pega metro e onibus, afinal. Não sei mais quem trabalha com você e nem como anda o ritmo de trabalho de vocês. Não sei se você continua trabalhando sem uniforme, se continua usando a internet nos tempos livres e nem pra quem liga quando precisa fazer interurbano. Não sei quais foram os pratos que você aprendeu a cozinhar e não sei se você tem gato, cachorro, furão, papagaio ou periquito. Não sei a cor, o tamanho, o aspecto e nem o endereço da casa em que você mora. Aliás, não sei se você mora numa casa ou se é apartamento. Não sei mais quanto você ganha, quanto gasta, quanto investe e quanto sobra. Não sei mais se anda compondo, escrevendo ou desenhando. Não sei porque o teu telefone toca, quem bate na sua porta e quem te convida pra sair. Não sei o que isso significa e não sei se existe o nosso lugar em meio a isso tudo. Não sei como chegamos até aqui e não sei como isso tudo pode ter a cara de pau de parecer natural. Não sei mais da sua vida, dos seus planos, dos seus sonhos, da sua rotina e, acho que não sei nem sobre os seus sentimentos. Essa realidade distante me parece tão próxima que nem sei como fazer pra acreditar.

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